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Guerra na Ucrânia

Zelensky não quer reunir-se com Putin. "Depois da invasão, ele não é ninguém"

26 jan, 2023 - 10:12 • Redação

Presidente da Ucrânia diz que o homólogo russo "diz uma coisa e depois faz outra" e garante que, no dia em que a Rússia abandonar o território ucraniano, a guerra parará.

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O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, não está interessado em encontrar-se com o homólogo da Rússia, Vladimir Putin, para negociações pela paz.

Em entrevista à televisão britânica Sky News, transmitida esta quinta-feira, Zelensky argumenta que, quando Moscovo pede paz, contradiz depois o próprio apelo ao bombardear a Ucrânia de noite.

"Não me interessa. Não me interessa reunir-me, nem falar com ele. Porquê? Porque tivemos uma reunião com ele no Formato Normandia, antes da invasão. Vi o homem que dizia uma coisa e depois fazia outra. Não consigo entender. É decisão dele ou de outra pessoa? Por isso, reunir-me com ele para quê? Para dar um passou-bem? Não entendo de todo quem toma as decisões na Rússia. Quem é ele [Putin] agora? Depois da invasão, ele não é ninguém. Ninguém", declara.

Zelensky considera que a Rússia "não quer negociações, porque não quer paz" e faz uma previsão preocupante, apesar de se manter esperançoso:

"Estou convencido que a Ucrânia é só o primeiro passo para ele [Putin]. Estou convencido que está a disputar uma guerra muito grande. E não está a pensar no facto de o mundo inteiro estar a ajudar a Ucrânia. Está a pensar: 'Bem, não está a funcionar na Ucrânia por agora, mas vamos esperar. O mundo não vai continuar unido, vão cansar-se e nós vamos avançar.' Mas depois da Ucrânia haverá mais passos, haverá outros países, se não conseguirmos conter a Rússia. Mas acho que conseguiremos, teremos apoio e venceremos."

A "tragédia" dos filhos da guerra


O Presidente da Ucrânia ainda se lembra do dia da invasão, quando ouviu o som de explosões e recebeu chamadas durante a noite inteira. Recorda que disse à mulher para pegar nos filhos, porque teriam de deixar a residência presidencial em breve, pois "não era seguro".

Agora, Zelensky vê os filhos de longe a longe, apesar de falar com eles todos os dias ao telefone. O líder ucraniano assume que é "uma tragédia" falar com os filhos sobre guerra em vez da vida deles e da escola e dos amigos. Também tenta gracejar com eles, porque "o sentido de humor faz-te humano". Di-lo um homem que foi ator e humorista antes de perseguir uma carreira na política e, agora, defender um país numa guerra.

Como pai que, agora, conhece os horrores da guerra, Zelensky reconhece não entender as famílias russas que mandam os filhos para combater na Ucrânia.

"Não percebo como podes deixar o teu filho partir, sabendo que vão morrer a tentar tomar algo que não lhes pertence. Por outras palavras, deixando o teu filho partir, estás a fazer dele um criminoso. E isto é um crime. Isto é homicídio. Não é autodefesa. É homicídio, homicídio deliberado. E eles vão ter de ser responsabilizados", sublinha.

Se a Rússia recuar, a guerra pára


Os prisioneiros de guerra "terão de assumir responsabilidade pelas suas ações". Contudo, Zelensky compadece-se com aqueles que ficam para trás, "tendo morrido jovens" na Ucrânia, "por causa das ambições de uma só pessoa", Vladimir Putin.

Também por isso, e principalmente pelo povo ucraniano, Vlodymyr Zelensky recusa-se a levar a guerra à porta da Rússia:

"As pessoas são a prioridade número um. Por isso não queremos lutar em território russo. Só queremos que eles parem a guerra o mais rapidamente possível e saiam do nosso país o mais rapidamente possível. Posso dizer com toda a certeza que, se eles abandonarem o nosso território, a guerra parará."

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