20 jan, 2023 - 04:32 • Redação com Lusa
A Presidente do Peru, Dina Boluarte, acusou os manifestantes que pedem a sua renúncia de quererem "quebrar o Estado de Direito", numa altura em que os protestos antigovernamentais se alastraram à capital Lima.
"Quero desmentir as notícias falsas (...) o governo está firme e o executivo mais unido do que nunca", garantiu na quinta-feira à noite Boluarte, numa declaração à imprensa, rodeada por um grupo de ministros no Palácio do Governo.
A chefe de Estado assegurou que, apesar do aumento dos confrontos, mantém o apelo ao diálogo com as forças políticas e sociais que exigem a sua demissão, a dissolução do Congresso e a convocação imediata de eleições para uma assembleia constituinte.
Boluarte dirigiu-se aos manifestantes para defender que os protestos “estão à margem da lei" e acusou-os de quererem "quebrar o Estado de Direito, gerar caos e desordem para tomar o poder da nação".
“Eles estão errados, do Governo dizemos ao povo peruano: a situação está controlada e será controlada”, prometeu a Presidente.
Também na quinta-feira, o Peru alargou às regiões de Amazonas, La Libertad e Tacna o estado de emergência que já tinha sido imposto, a meio de dezembro, em sete regiões do país, para tentar conter os protestos.
Boluarte anunciou que as autoridades agirão "com todo o peso da lei" e estão "a identificar estes maus cidadãos que estão a gerar atos de violência" e “atos criminosos de vandalismo”.
Dezenas de milhares de pessoas, muitas delas de regiões pobres e remotas dos Andes, manifestaram-se, em Lima, com a polícia a responder disparando gás lacrimogéneo.
Nesta quinta-feira foi anunciada uma marcha denominada “tomada de Lima” que veio a transformar-se numa batalha entre manifestantes e polícia de choque que foi obrigada a lançar gás lacrimogénio para dispersar a multidão.
Também na noite desta quinta-feira deflagrou um incêndio de grandes proporções, no centro da capital peruana.
Os bombeiros foram chamados a apagar as chamas num dos edifícios da histórica Praça de São Martinho.
Não há confirmação de que o incêndio possa estar diretamente relacionado com os protestos, ainda assim, segundo a imprensa local, o Corpo Geral de Bombeiros Voluntários do Peru fez um apelo aos manifestantes que ali se reuniram horas antes para libertarem os acessos à praça.
Até ao momento, pelo menos 54 pessoas, incluindo um agente policial, foram mortas durante os protestos antigovernamentais, iniciados no início de dezembro e que registaram uma pausa no Natal e início do ano, para serem retomados nos primeiros dias do ano.
A punição para os responsáveis policiais e militares envolvidos na sangrenta repressão dos protestos e a libertação do ex-presidente Pedro Castillo – acusado de promover um “golpe de Estado” constitucional e em prisão preventiva –, são outras reivindicações da população.