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Guterres em Davos

Petrolíferas devem ser "responsabilizadas" como se fez com indústria do tabaco

18 jan, 2023 - 13:34 • Lusa

No Fórum Económico Mundial, secrerário-geral da ONU diz que indústria do petróleo tinha consciência da destruição do planeta causada pelos combustíveis fósseis e pede responsabilização.

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O secretário-geral da ONU, António Guterres, defendeu esta quarta-feira a responsabilização de empresas de petróleo que sabiam, na década de 1970, estarem a destruir o planeta, à semelhança do que foi feito com a indústria do tabaco.

“As grandes empresas de petróleo cavalgaram em cima de grandes mentiras”, acusou Guterres, na sua intervenção no Fórum Económico de Davos, que decorre esta semana na Suíça, defendendo que quem o fez “tem de ser responsabilizado”.

Segundo o secretário-geral das Nações Unidas, “alguns produtores de combustíveis fósseis tinham total conhecimento, na década de 1970, de que o seu produto estava a queimar o planeta, mas, tal como [aconteceu] na indústria do tabaco, passaram por cima da ciência”.

Mesmo hoje, sublinhou Guterres, “os produtores de combustíveis fósseis tentam aumentar a produção sabendo perfeitamente que este modelo de negócio é inconsistente com a sobrevivência humana”.

Para o líder da ONU, a Humanidade está “a brincar com [a possibilidade de haver um] desastre ambiental”.

“Todas as semanas surge uma nova história de horror climático. As emissões de gases com efeito de estufa estão em níveis recorde, mas continuam a aumentar”, alertou, referindo que o compromisso para travar o aumento médio global da temperatura a 1,5 graus Celsius está a desvanecer-se.

“Se não adotarmos mais ações, vamos ter um aumento de 2,8 graus e as consequências disto, como todos sabemos, serão devastadoras”, advertiu.

“Muitas partes do nosso planeta deixarão de ser habitáveis e, para muitos, isso será uma sentença de morte”, acrescentou ainda, sublinhando, no entanto, que “isto não é nenhuma surpresa”.

A ciência, frisou o representante, “tem sido clara há décadas”, mas muitos preferiram não seguir as recomendações.

Uma situação que António Guterres admitiu “parecer ficção científica”, referindo, no entanto, que “são os factos duros e crus”.

Guterres considerou ainda que é preciso enfrentar os problemas de maneira frontal.

“Estamos a olhar para o olho de um furacão de categoria 5”, disse, reiterando que o cenário global mostra “uma tempestade perfeita em várias formas”.

“No curto prazo temos uma crise económica global”, com “muitas regiões do mundo a enfrentar uma recessão e o mundo inteiro a sofrer um abrandamento [económico]”, afirmou, acrescentando que “as muitas desigualdades e a crise estão a afetar sobretudo as mulheres e meninas” em todo o mundo.

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  • Americo
    18 jan, 2023 Leiria 14:55
    Declaração de interesses. Sou um simples cidadão, não tenho qualquer interesse no petróleo, ou seus derivados. Dito isto, fazer uma analogia entre tabaco e petróleo como fez Guterres, penso que é um exagero. Convém não esquecer que é sob a égide deste sr. que está a decorrer uma guerra de terror na Europa. O que ele fez para evitar ?

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