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Mauro Jerónimo, um treinador português que se quer destacar no Vietname

11 jul, 2022 - 18:15 • José Barata

O treinador está há quatro anos no Vietname e deseja continuar para ajudar ao desenvolvimento futebolístico de um país que quer estar no Mundial de 2026. Mauro Jerónimo revela algumas das superstições que teve de combater.

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Mauro Jerónimo é um treinador português à procura de afirmação no Vietname. O jovem técnico de 34 anos, natural dos Açores, é é atualmente o treinador do CLB Bong Pho Hien, que disputa a segunda divisão, e que ocupa o quarto lugar da classificação.

Em entrevista a Bola Branca, assume que o objetivo é destacar-se e chegar à I Liga: "O projeto tem estado a correu muito bem. As condições de trabalho são excelentes. Não podia pedir melhor. Em termos profissionais é bom, e eu tenho os meus objetivos. Conto em um ou dois estar treinar na Superliga", deseja.

O português faz parte de um projeto global do Vietname, que tem como grande objetivo marcar presença no Mundial 2026.

"Eles estão a investir muito aqui, porque o Vietname tem um sonho muito grande, que é chegar ao Mundial. Têm o sonho de chegar ao Mundial 2026. Têm investido muito nos clubes, na formação de treinadores e na evolução das infraestruturas. E depois as pessoas são apaixonadas por futebol. Aqui um jogo com uma seleção por exemplo de sub-23, tem no estádio 45 a 50 mil pessoas, o que significa que há um consumo muito grande do futebol, e isso motiva-me porque me sinto feliz e realizado por também estar a contribuir para o desenvolvimento do futebol aqui no Vietname", atira.

Mauro Jerónimo está desde 2019 no Vietname e revela como chegou ao país asiático.

"Tinha estado a trabalhar na China, já estava à volta de três anos. Primeiro, fui para trabalhar na Academia do Figo, enquanto estive lá trabalhar, surgiu uma oportunidade de trabalho numa equipa China League 2, e conheci um treinador francês chamado Philippe Troussier, que treinou inúmeras equipas africanas e mundiais. Gostou do meu trabalho, trocamos contacto e passados dois anos ele convidou me para integrar este projeto aqui no Vietname e cá estou, já vai fazer quatro anos de agosto", revela.

O jovem treinador conta com passagens pela formação do Benfica, Pinhalnovense, Vitória de Setúbal, Evagoras Paphos (Chipre), Fujian Chaoyue. Foi selecionador sub-19 do Taiwan e coordenador técnico do Vietname, dos sub-17 aos sub-23.

O exemplo raro de Henrique Calisto

No Vietname a contratação de treinadores não asiáticos é uma raridade, como revela Mauro Jerónimo: "O mister Henrique Calisto teve aqui sucesso há cerca de uma década e foi um dos poucos treinadores estrangeiros que esteve no Vietname, e que conseguiu ter sucesso. Do continente europeu muito raramente aparece um treinador".

"O mister Ricardo Formosinho também esteve cá há uns anos, antes de integrar a equipa técnica de José Mourinho e penso que não esteve mais do que um ano. Entretanto, nos últimos anos tem sido muito mais treinadores da Coreia do Sul e Japão, o que denota que não têm uma grande ambição de trazerem treinadores fora do continente asiático. Eles também acreditam muito no treinador local e investem muito no treinador local. Eu sou uma exceção, para já tem estado a correr bem, mas vamos ver", afirma.

As superstições locais

A cultura do Vietname tem muitas superstições. A presença de mulheres no autocarro ou no balneário era proibida, algo que a equipa de Mauro Jerónimo tem mudado, até porque há uma portuguesa na equipa técnica.

"Quando chegámos não tinha ideia dessa superstição. Temos uma nutricionista que é a Alice. Pedi desde o primeiro dia que ela que cada vez que jogássemos fora de casa que seguisse com a equipa no autocarro para preparar os almoços, etc. E eles disseram logo que não, porque dava azar e que as mulheres não podem entrar no autocarro em viagens com os jogadores, porque isso não se faz isto no Vietname", começa, antes de se alongar.

"Era uma superstição que eles tinham muito grande e que tivemos de ir quebrando pouco a pouco. Não pode ser logo de início, mas felizmente agora, aliás, a nossa diretora de marca também é do sexo feminino, então elas agora viajam connosco e não há problema nenhum. No início não foi fácil, tivemos que ganhar para conseguir isso. Se não ganhássemos não sei se conseguiria convencê-los", revela em tom de brincadeira.

No entanto, comer ovos cozidos em dia de jogo é assunto impensável.

"Em dia de jogo, o ovo cozido é proibido na ementa. O ovo tem o símbolo do zero e eles dizem que isso dá azar, e é mais uma das superstições. Essa não batalhei muito, para também não estar a cortar tudo aquilo que eles acreditam em algumas coisas que a gente tem que ceder", conclui.

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