01 jan, 2023 - 15:51 • Lusa
Ativistas sociais vieram a Brasília para a tomada de posse de Lula da Silva, para "festejar a democracia", mas também para pedir ao futuro Presidente que descubra os culpados da morte de Marielle, de Dom e Bruno.
Um grupo de quase 40 pessoas empunham cartazes onde se pede justiça por Marielle Franco, vereadora e ativista de direitos humanos, que foi vítima de homicídio há pouco mais de quatro anos. Allguns ativistas culpam o ainda presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, pela sua morte.
Marielle Franco foi morta a tiro, em 14 de março de 2019, juntamente com o motorista, Anderson Gomes, após participar de uma reunião política no centro do Rio de Janeiro. A sua morte teve ampla repercussão internacional e o caso tornou-se um emblema da impunidade deste tipo de crimes no Brasil.
"Marielle sempre foi um símbolo da nossa luta e da luta negra e feminista e queremos mais direitos para nós, queremos dignidade", disse à Lusa, na Esplanada dos Ministérios, Luiza Datas Afronta.
"Estamos aqui a pedir justiça porque sabemos que ela foi assassinada politicamente, porque estava a levantar todos os esquemas de corrupção do Rio de Janeiro", acrescentou.
"Basta de mulheres negras, LGBT negras, serem mortas. Estamos aqui a pedir a Lula que faça [uma] investigação e descubra quem matou Marielle", salientou, concluindo: "Nós não vamos sair das ruas, não vamos desistir".
Para já, Lula já deu um pequeno passo: A ativista dos direitos humanos, jornalista, escritora e educadora Anielle Franco, foi nomeada quinta-feira como a futura ministra da Igualdade Racial.
Anielle Franco, de 37 anos, retomou a luta da sua irmã pelos direitos humanos desde a morte de Marielle e fundou o Instituto Marielle Franco para manter vivo o legado. Anteriormente, já tinha trabalhado na luta pela igualdade racial como membro da equipa de transição que Lula.
Mas não é só o nome de Marielle que os apoiantes de Lula pedem para não ser esquecido.
"Queremos que Bolsonaro seja responsabilizado pela morte de Dom Phillips e Bruno Pereira", disse à Lusa Ricardo Basto, que veio do estado do Amapá até Brasília, para festejar a tomada de posse do novo presidente e também para pedir que estes nomes não sejam esquecidos.
O jornalista britânico do Guardian, Dom Phillips, de 57 anos, e o ativista indígena brasileiro Bruno Pereira, ide 41 anos, foram mortos a 5 de junho a bordo da embarcação em que seguiam no rio Itaquai, junto ao território indígena do Vale do Javari, na fronteira com o Peru e a Colômbia.
O duplo homicídio brutal chocou o país e foi amplamente condenado por organizações internacionais, associações ambientais e de direitos humanos.
O caso expôs as ameaças que espreitam na Amazónia, especialmente no Vale do Javari, uma das regiões com o maior número de grupos de indígenas isolados do mundo e onde a pesca e a caça furtiva convivem com as redes de narcotráfico.