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Guerra na Ucrânia

Ucrânia não deve entrar já na NATO para não irritar a Rússia, defende Macron

22 dez, 2022 - 11:50 • Lusa

Entrada de Kiev na aliança atlântica "seria percebida pela Rússia como um confronto" e "não é com essa Rússia que queremos lidar", diz Presidente francês.

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O Presidente francês, Emmanuel Macron, acredita que a entrada da Ucrânia na NATO seria vista pela Rússia como um confronto direto, pelo que defende que este não será o "cenário mais provável" no futuro próximo.

"A entrada da Ucrânia na NATO [Organização do Tratado do Atlântico Norte] seria percebida pela Rússia como um confronto. Não é com essa Rússia que queremos lidar", afirmou, em entrevista a vários jornais, entre os quais o francês Le Monde, o norte-americano The Wall Street Journal e o libanês An Nahar.

Para Emmanuel Macron, é necessário dar, no final do conflito, "garantias de segurança" tanto à Ucrânia como à Rússia, posição que reiterou na entrevista, apesar de já ter recebido muitas críticas de Kiev e da Europa de leste.

"No final, teremos de colocar todos na mesma mesa", considerou, acrescentando que não quer que sejam "apenas os chineses e os turcos a negociar no dia seguinte" ao fim das hostilidades.

O Presidente francês voltou também a defender a autonomia estratégica da Europa, dentro da NATO, mas com menor dependência dos Estados Unidos.

"Não há arquitetura de segurança europeia sem autonomia estratégica, na NATO e com a NATO, mas não dependente da NATO", sublinhou.

"Uma aliança não é algo de que eu dependa, é algo que eu escolho (...) Devemos repensar a nossa autonomia estratégica", disse.

Depois da guerra, deve haver um acordo "que construa uma nova ordem de estabilidade e segurança naquela região da Europa", mas, segundo Macron, a Aliança Atlântica não deve ser a única ferramenta para alcançar este resultado.

"Não podemos pensar na segurança desta região apenas através da NATO", disse, criticando o envio de `drones` (aeronaves não tripuladas) pelo Irão para a Rússia.

"Está a ser criada uma espécie de multilateralismo do terrorismo", denunciou.

Macron defendeu ainda que a Ucrânia deve concentrar o seu esforço militar na recuperação do território ocupado pela Rússia desde 24 de fevereiro, deixando implícito que a devolução da Crimeia pode ser adiada.

Embora a recuperação da península da Crimeia, ocupada e anexada pelos russos em 2014, seja algo quase sagrado para o Governo de Kiev, Macron considerou que a prioridade deve ser defender "a Ucrânia atual".

O líder francês insistiu ainda que a guerra deverá terminar na mesa de negociações e não no campo de batalha.

"Sempre defendi não achar que este conflito possa ser encerrado apenas por meios militares", lembrou, mostrando-se, no entanto, muito cético quanto à disponibilidade de Moscovo para se sentar e negociar.

"O que os russos têm pedido desde o início é a rendição, não a paz", referiu.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 7,8 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.

A invasão russa - justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

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  • Manuel Carvalho Carv
    22 dez, 2022 Eccles 18:58
    Meus Caros ..Ponto de vista do Presidente Macron é fundamental , estratégico e pacificador .... Queremos Paz para o bem da Europa....e novos membros que se avizinham ....Ben Haja
  • Maria Oliveira
    22 dez, 2022 Lisboa 16:33
    Macron continua a querer colaborar com Putin, que o despreza. Pretender não ferir as susceptibilidades de criminosos diz muito sobre o carácter de Macron. A integração na NATO é a única forma de a Ucrânia ter segurança.
  • Defensor do Kremlin
    22 dez, 2022 De Gaulle é que te punha na ordem 13:50
    Se o De Gaulle fosse vivo, esbofeteava-te em público como o Francês cobarde que és, oh Macron. A Ucrânia ao optar decisivamente pelo Ocidente, tem todo o direito de aderir tanto à UE, como à NATO principalmente por ser um País que não pertencendo a nenhuma, está no entanto não só a lutar pela sobrevivência como pelo modo de vida Ocidental, e na generalidade, estamo-nos todos a borrifar para que a Rússia considere isso uma provocação ou um confronto. Depois do que aconteceu, ainda nos vamos preocupar em não "ferir as suscetibilidades russas" !? Eles que vão para o Inferno, mais as "suscetibilidades deles". Espero que não te mantenhas no cargo por muito mais tempo, que de pseudo-estadistas que fecham os olhos às ações russas e ainda os defendem, estamos fartos.

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