Emissão Renascença | Ouvir Online
A+ / A-

Guerra na Ucrânia. Putin diz que "no final teremos de chegar a um acordo"

09 dez, 2022 - 18:11 • Lusa

Presidente russo diz não saber se poderá confiar num eventual acordo de paz com Kiev.

A+ / A-

O Presidente russo, Vladimir Putin, defendeu hoje que será necessário um acordo "no final" do conflito na Ucrânia, mas disse ter dúvidas sobre a confiança que Moscovo poderá depositar nos seus interlocutores.

"No final teremos de chegar a um acordo. Já disse várias vezes que estamos prontos para essas negociações, estamos abertos, mas isso obriga-nos a pensar com quem estamos a lidar", disse o Presidente russo, à margem de uma cimeira regional no Quirguistão.

Vladimir Putin reagia a comentários recentes da ex-chanceler alemã Angela Merkel, que disse que o acordo de Minsk de 2014, entre Moscovo e Kiev, assinado sob a égide da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), deu à Ucrânia tempo para se fortalecer e enfrentar um conflito armado com a Rússia.

"O acordo de Minsk de 2014 foi uma tentativa de dar tempo à Ucrânia. Aproveitou-se disso, como vemos hoje. A Ucrânia de 2014/2015 não é a Ucrânia de hoje (...) No início de 2015, Putin podia esmagar facilmente" o país, considerou Merkel, em declarações ao jornal alemão Die Zeit.

O acordo de Minsk 1 (em 2015 foi assinado um segundo) estabelecia um cessar-fogo entre o exército ucraniano e os separatistas russos de Lugansk e Donetsk, territórios pró-Rússia no leste da Ucrânia.

A Ucrânia concedia autonomia às duas regiões separatistas em troca da recuperação da fronteira leste com a Rússia, o que nunca aconteceu.

O acordo foi considerado extinto quando Putin anunciou, em setembro passado, que tinha anexado os dois territórios em causa, mas, na verdade, também nunca tinha saído do papel até porque as duas partes tinham interpretações diferentes sobre o texto.

Ainda assim, foi considerado, em conjunto com o segundo acordo de Minsk, no ano seguinte, uma garantia de paz na Europa.

Os comentários de Angela Merkel foram vistos por Putin como "uma desilusão" porque "obviamente levantaram a questão da confiança".

Numa altura "em que a confiança já é quase zero, a questão fica mais complicada depois de tais declarações: como é que chegamos a um acordo? Podemos dar-nos bem com alguém? Com que garantias?", questionou o Presidente russo.

"Talvez devêssemos ter começado antes [a ofensiva na Ucrânia], mas, na verdade, estávamos a contar com a possibilidade de chegar a um acordo dentro da estrutura de Minsk", argumentou.

A ofensiva militar da Rússia na Ucrânia foi lançada a 24 de fevereiro e justificada por Vladimir Putin com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia.

A invasão foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.702 civis mortos e 10.479 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Os seus delírios
    10 dez, 2022 São problema do seu psiquiatra 12:42
    Um comentador da televisão russa no canal estatal 1 voltou a defender a ideia de uma “Eurásia pacífica de Vladivostok a Lisboa”. “Já temos Vladivostok, só falta chegar a Lisboa”, acrescentou, defendendo que o Exército russo devia começar por tentar conquistar o Ocidente da Ucrânia, nomeadamente a cidade de Lviv. O objetivo, diz, deve ser ter uma Eurásia “sem americanos”, que inclua ainda países asiáticos como o Japão e a Coreia do Sul." Fim de citação. Pelo menos, ficamos a saber o que os russos têm planeado para nós. Para nós e não só. Claro que ele não explicou como é que o exército ex-rolo compressor russo, que após quase 1 ano de guerra ainda está na fronteira da Ucrânia, consegue vencer a NATO, que em termos convencionais tem de momento uma superioridade esmagadora sobre o porcalhão exército russo. Será que é com o nuclear, que todos sabemos dá empate? É que também anda uma maluca lá por aquelas bandas a falar num ataque nuclear preventivo a Londres, Berlim, Bruxelas, Washington... Devem ir buscar estes gajos e gajas ao manicómio lá do sítio.
  • Cidadao
    09 dez, 2022 Lisboa 23:53
    Os separatistas russos de Lugansk e Donetsk, em vez de fazerem as malas e partir para a sua bem amada Mãe-Rússia, preferiram que a fronteira entre a Rússia e a Ucrânia se estendesse até eles. E não deixa de ser sinistramente cómico que Putin, que rasgou e repudiou todos os acordos que assinou, venha falar em "confiança" para negociações de Paz, quando todos sabem que a ideia dele de negociações de Paz é a Ucrânia aceder a todas as exigências russas, ou seja, uma rendição incondicional, o que para Kiev, está fora de causa. E como todas as tentativas de levar os EUA e o Ocidente a terminar o apoio à Ucrânia falharam, agora anda com piadas novas: fala em "ataques preventivos". Como se cada cm do território russo não estivesse vigiado e o Ocidente fosse apanhado de surpresa por um ataque qualquer, até porque isso sim, seria a 3ª guerra. Aí não havia desculpas com um "míssil ucraniano que se desviou"...
  • Digo
    09 dez, 2022 Eu 20:04
    Angela Merkel é uma das principais culpadas da situação atual, não só por omissão - virou a cara e assobiou para o lado na invasão da Geórgia, nos massacres da Chechénia, na anexação da Crimeia, na eliminação física de opositores a Putin por via de atentados em solo Europeu - como também por inação direta ao deixar-se ficar dependente da Rússia apesar de múltiplos avisos do perigo que isso era e ao promover o quase desarmamento das Forças Armadas alemãs. Ela tinha mais é que ficar calada que nem um rato e deslizar para baixo da pedra onde estava
  • Digo
    09 dez, 2022 Eu 19:15
    Angela Merkel é uma das principais culpadas da situação atual, não só por omissão - virou a cara e assobiou para o lado na invasão da Geórgia, nos massacres da Chechénia, na anexação da Crimeia, na eliminação física de opositores a Putin por via de atentados em solo Europeu - como também por inação direta ao deixar-se ficar dependente da Rússia apesar de múltiplos avisos do perigo que isso era e ao promover o quase desarmamento das Forças Armadas alemãs. Ela tinha mais é que ficar calada que nem um rato e deslizar para baixo da pedra onde estava

Destaques V+