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POLÍTICA "ZERO COVID"

China avança com "abordagem mais humana" à Covid-19, mas mantém controlo sobre protestos

01 dez, 2022 - 11:30 • Pedro Valente Lima

Discurso das autoridades chinesas começa a destacar uma "nova fase" da gestão da pandemia, que inclui o aligeiramento das restrições em várias cidades do país. Esta nova posição surge depois de semanas de protestos contra as políticas "Zero Covid" na China.

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A China está a entrar numa "nova fase" no combate à pandemia da Covid-19, a qual deverá passar pela redução das restrições impostas à população. O anúncio foi feito por Sun Chunlan, vice-primeira-ministra chinesa, esta quarta-feira.

De acordo com o jornal britânico The Guardian, será um sinal das cedências do Governo da China face aos protestos em massa registados nas últimas semanas, que contestavam, precisamente, a política "Zero Covid" que o país adota.

Sun Chunlan, que também é uma das responsáveis pela resposta à pandemia na China, salientou que, "com a redução da transmissibilidade da variante Ómicron, a aceleração do ritmo de vacinação e a experiência acumulada no controlo e prevenção de surtos, o combate à pandemia da China enfrenta uma nova fase e missão".

As declarações da vice-primeira-ministra aconteceram depois de uma reunião com os especialistas de saúde do país. Este passo, de acordo com Chunlan, trata-se de uma "abordagem mais humana" da resposta à Covid-19.

Já esta terça-feira a Comissão Nacional de Saúde da China se havia reunido a propósito de futuras medidas de contenção da pandemia. Segundo o jornal chinês Global Times, o grupo de especialistas concordou que as restrições deveriam ser "levantadas a seu tempo", de modo a gerir o "impacto excessivo" da gestão da Covid-19 na vida dos chineses.

O porta-voz da comissão, Mi Feng, realçou que, para avançar com a redução das medidas de restrição, seria necessário uma "reflexão precisa sobre as regiões de risco", através da testagem e da investigação.

A nova corrente de discurso das autoridades chinesas surge depois de semanas de manifestações contra a gestão da pandemia no país, que procuram, sobretudo, dar ênfase à vacinação e à menor severidade das novas variantes.

Nos últimos dias, várias cidades e regiões da China têm recuado nas restrições da Covid-19, nomeadamente quanto ás normas de confinamento domiciliário.

Segundo o Global Times, cidades como Chongqing, Zhengzhou, Cantão, Xangai e a capital, Pequim, "otimizaram" as medidas de gestão pandémica. Cidadãos sem "atividades sociais" não são obrigados à participar na testagem em massa, houve a redefinição de zonas de "baixo risco" e até o abandono do confinamento geral, por exemplo.

Por outro lado, as autoridades têm tentado acelerar a vacinação das faixas etárias mais idosas do país, especialmente acima dos 80 anos, as quais apresentam a menor percentagem de inoculações para proteção do novo coronavírus.

Política "Covid Zero". Protestos violentos contra restrições na China
Política "Covid Zero". Protestos violentos contra restrições na China

Cheng Youquan, responsável da administração nacional de controlo e prevenção de doenças da China, realçou que "algumas regiões tinham, arbitrariamente, expandido o raio de ação no controlo e prevenção da Covid-19" sem "qualquer aprovação" superior.

Mas a verdade é que as medidas continuarão a ser "rigorosamente implementadas" pelos governos locais, de modo a "efetivamente reduzir o risco epidémico", disse Youquan, citado pela imprensa chinesa.

Apesar do aligeiramento das restrições, as autoridades do país têm ordens para continuar a conter quaisquer protestos que possam voltar a surgir, diz o The Guardian. O Partido Comunista Chinês sublinhou que as manifestações têm origem na "infiltração e sabotagem" de "forças hostis" à liderança de Xi Jinping.

Esta quinta-feira, a China continental registou 35.800 novos casos de Covid-19, dos quais 4.080 se tratam de pacientes com sintomas. Já na quarta-feira, as mortes por infeção do novo coronavírus aumentaram para 5.233, segundo dados da Comissão Nacional de Saúde chinesa.

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