Emissão Renascença | Ouvir Online
A+ / A-

Guerra na Ucrânia

EUA confirmam "comunicações" com a Rússia, "no interesse de cada país afetado pela guerra"

08 nov, 2022 - 09:29 • Joana Azevedo Viana

Na segunda-feira, o "Wall Street Journal" noticiou que Jake Sullivan, conselheiro de Biden, tem mantido discussões confidenciais com dois responsáveis do Kremlin para evitar escalada para um conflito nuclear.

A+ / A-

O conselheiro de Segurança Nacional dos EUA Jake Sullivan confirmou esta semana que Washington e Moscovo continuam em contacto, após a Casa Branca ter desmentido informações de que Sullivan tem estado a liderar conversações secretas com a Rússia para evitar uma escalada nuclear da guerra na Ucrânia.

Questionado sobre alegadas discussões confidenciais com o seu homólogo russo nos últimos meses, Sullivan disse que "está no interesse" dos EUA manter contacto com o Kremlin, mas insistiu que as autoridades norte-americanas "têm uma noção clara de com quem estão a lidar".

Na segunda-feira, o "Wall Street Journal" noticiou que Sullivan tem mantido discussões confidenciais com o secretário do Conselho de Segurança russo, Nikolai Patrushev, e com o assessor sénior de política externa do Kremlin, Yuri Ushakov.

Fontes disseram ao jornal que os três homens têm debatido nos últimos meses formas de evitar uma escalada da guerra para um conflito nuclear, mas sem negociar o fim da invasão russa da Ucrânia.

No mês passado, Sullivan tinha avisado que o potencial recurso a armas nucleares terá "consequências catastróficas para a Rússia", numa entrevista à NBC na qual assumiu também que "deixou claro" em discussões privadas com autoridades russas o alcance da potencial resposta dos EUA.

Contactada pelo WSJ, a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Adrienne Watson, escusou-se a confirmar a história, dizedo que "as pessoas alegam muitas coisas". Já o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, acusou os jornais ocidentais de "publicarem numerosos embustes".

Pelo contrário, a assessora de imprensa da Casa Branca, Karin Jean-Pierre, disse ontem que os EUA se reservam o direito a manter conversações com a Rússia. Já Jake Sullivan, tido como um dos poucos conselheiros do Presidente Joe Biden que continuam a defender discussões com Moscovo, disse que manter esse canal de comunicação aberto está "no interesse de cada país afetado por este conflito".

A notícia do WSJ segue-se a uma outra do "Washington Post" divulgada na semana passada a dar conta de que as autoridades norte-americanas estão a pressionar Kiev para que sinalize abertura para negociar com a Rússia e deixe de rejeitar publicamente qualquer discussão para acabar com a guerra enquanto Vladimir Putin for Presidente do país.

Sobre isso, Sullivan disse que a administração Biden tem "uma obrigação de responsabilização" e comprometeu-se a trabalhar com os parceiros internacionais para "responsabilizar os perpetradores de graves e grotescos crimes de guerra na Ucrânia"

"Estive em Kiev na sexta-feira e tive a oportunidade de me encontrar com o Presidente Zelensky e com o meu homólogo [ucraniano], Andriy Yermak, com a liderança militar, que me informaram sobre o nível de morte e devastação potenciadas pela guerra de Putin no país."

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Cidadao
    08 nov, 2022 Lisboa 10:46
    É difícil estabelecer negociações com um País como a Rússia atual, em que a ideia desta, de negociações, é um sem número de exigências, desde "desmilitarização total" até controle sobre Economia da Ucrânia, passando obviamente por Ucrânia fora da NATO e se possível da UE, condições essas mais parecidas com uma rendição incondicional que outra coisa, acompanhadas da exigência de reconhecimento da soberania russa sobre as anexações da Crimeia e dos territórios ocupados militarmente. Alguma vez a Ucrânia aceitaria isto, principalmente quando as Forças Armadas ucranianas enfrentaram com êxito a invasão russa, que recorde-se não era para "libertar o Donbass" mas para anexar toda a Ucrânia? Já se viu o caráter do Povo Ucraniano. Mesmo que o apoio Ocidental se reduza, a Ucrânia está pouco a pouco a preparar-se para ter industria bélica que permita no mínimo manter a guerra nas fronteiras durante muitos anos, para azar do Putin e daqueles que ainda não perceberam que se a Rússia vence na Ucrânia, o próximo alvo podem ser eles. Ou alguém pensa que a partir daí o Putin vai ser um "bom rapaz" e deixar-se de invasões?

Destaques V+