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Ministro italiano avisa que navios com 300 migrantes resgatados não cumprem regras

25 out, 2022 - 19:11 • Lusa

Aos dois navios, operados por organizações não governamentais, não está a ser permitida a entrada no país.

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As autoridades italianas consideram que dois navios que navegam no Mediterrâneo, com quase 300 migrantes a bordo, não estão "em consonância" com regras europeias e italianas de segurança, controlo fronteiriço e luta contra a imigração ilegal.

Operados por organizações não-governamentais (ONG), o navio da Humanity, de bandeira alemã, realizou vários resgates em menos de 48 horas e tem 180 pessoas a bordo, enquanto outros 118 estão no Ocean Viking, de bandeira norueguesa.

Os navios não estão "em consonância com o espírito das regras europeias e italianas em matéria de segurança e controlo fronteiriço e da luta contra a imigração ilegal", segundo uma diretiva, citada pelo jornal Corriere Della Sera, emitida pelo ministro do Interior, Matteo Piantedosi, como autoridade nacional de segurança pública, no topo das forças policiais e da autoridade portuária.

É com base nesse entendimento que é avaliada a proibição de entrada dos navios, refere o jornal.

A diretiva, adianta, tem por objetivo informar as unidades operacionais de que o Ministério dos Negócios Estrangeiros, com notas verbais às duas embaixadas dos Estados de bandeira dos navios (Noruega e Alemanha), constatou que a conduta dos dois barcos que navegam atualmente no Mediterrâneo não está "em consonância com o espírito" das regras referidas.

"Bem, a intervenção do ministro Piantedosi a propósito de duas ONG: como prometido, este governo pretende fazer respeitar regras e limites", comentou com uma mensagem no Twitter o novo vice-primeiro ministro e ministro das Infraestruturas e Transportes, com responsabilidades na gestão dos portos, Matteo Salvini.

Enquanto ministro do Interior, entre junho de 2018 e setembro de 2019, Salvini manteve uma política férrea de portos fechados às embarcações humanitárias, que salvam migrantes no mar, bloqueou o desembarque de navios de ONG que transportavam migrantes resgatados no mar, submetendo-os a dias de espera ou obrigando-os a dirigir-se para portos noutros países.

A primeira-ministra italiana e líder do partido de extrema-direita Força Itália, Giorgia Meloni, não mencionou este tema no seu primeiro discurso esta terça-feira perante os deputados, mas reiterou a promessa de pedir à União Europeia e recuperar a operação naval Sophia, de patrulhas de vigilância do Mediterrâneo, para impedir contrabandistas sediados no norte de África, particularmente na Líbia, de enviarem navios com migrantes.

Nos últimos dias, centenas de migrantes foram resgatados de embarcações de contrabandistas no Mediterrâneo central, encontrando-se agora a bordo de navios de busca e salvamento.

Além dos quase 300 migrantes a bordo do Humanity e do Ocean Viking, a ONG Alarm Phone, que se dedica a receber chamadas de migrantes em perigo no Mediterrâneo central, alertou hoje que duas embarcações, com cerca de 650 e 700 pessoas cada, estão à deriva na zona de busca e salvamento de Malta e Itália e precisam de ajuda urgente.

Também durante a noite, a Guarda Costeira italiana interveio para resgatar um barco de pesca que transportava 400 pessoas, que foram trazidas a bordo de barcos-patrulha e depois desembarcadas nos portos sicilianos de Pozzallo, Catania e Augusta.

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