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Rússia acusa EUA de envolvimento em “ato de terrorismo” no Nord Stream

22 fev, 2023 - 03:37 • Marisa Gonçalves com Agências

As explosões verificadas há cerca de cinco meses, e ainda sem justificações, estiveram em debate no Conselho de Segurança da ONU. EUA negam culpas e argumentam que Moscovo está a desviar atenções do conflito na Ucrânia.

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O embaixador da Rússia nas Nações Unidas (ONU), Vassily Nebenzya, afirma que os ataques aos gasodutos Nord Stream são “um ato de terrorismo internacional” e assegura ter motivos para duvidar da imparcialidade das investigações que estão a ser realizadas.

Durante uma reunião do Conselho de Segurança da ONU para abordar as explosões que ocorreram em setembro de 2022 nos gasodutos Nord Stream 1 e 2, Vassily Nebenzya acusou os Estados Unidos de envolvimento numa “ação de sabotagem”.

"Como muitos de nós recordamos, em princípio era claro quem poderia estar por detrás deste ato de terrorismo internacional. É precisamente desta forma que qualificamos o que aconteceu. Os Estados Unidos fizeram várias declarações e assumiram que se a Rússia continuasse a agir de uma forma que não agradasse aos Estados Unidos, então o Nord Stream seria destruído. Depois houve o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros da Polónia, [Radoslaw Sikorsk], que na sua russofobia agradeceu aos Estados Unidos nas redes sociais. Não temos outra escolha que não chegar à verdade. As investigações que estão a ser realizadas pelos países escandinavos e a Alemanha não só não são transparentes, como é bastante claro que procuram apenas cobrir os rastos e defender o irmão norte-americano", alegou durante a reunião.

EUA rejeitam acusações

Em reação, os Estados Unidos negaram qualquer envolvimento com os ataques aos gasodutos e acusaram a Rússia de tentar desviar as atenções dos eventos que assinalam um ano da invasão da Ucrânia.

"Os EUA estão profundamente preocupados com a sabotagem ocorrida no Nord Stream 1 e 2 em setembro passado. (...) Mas a reunião de hoje é uma tentativa flagrante de desviar a atenção, já que o mundo se une esta semana para pedir uma paz justa e segura na Ucrânia. A Rússia quer desesperadamente mudar de assunto", acusou a missão norte-americana.

"No entanto, deixem-me afirmar claramente que as acusações de que os EUA estão envolvidos neste ato de sabotagem são completamente falsas. Os EUA não estão envolvidos de forma nenhuma. As autoridades competentes na Dinamarca, Alemanha e Suécia estão a investigar esses incidentes de maneira abrangente, transparente e imparcial. Os recursos para as investigações da ONU devem ser preservados para os casos em que os Estados não desejam ou não podem investigar genuinamente", acrescentou.

Antes da reunião, os embaixadores da Dinamarca, Suécia e Alemanha - países que já se encontram a investigar as explosões - enviaram uma carta aos membros do Conselho de Segurança indicando que as suas investigações -- ainda a decorrer - estabeleceram que os gasodutos foram amplamente danificados "por poderosas explosões devido a sabotagem".

No dia 8 de fevereiro, o jornalista de investigação norte-americano Seymour Hersh publicou uma reportagem onde aponta que a decisão de sabotar os gasodutos foi tomada pelos EUA, em dezembro de 2021.

Segundo testemunhos recolhidos pelo jornalista, os explosivos vieram a ser colocados por mergulhadores no decurso de manobras anuais da NATO, no Báltico.

Moscovo reagiu dizendo que Washington deveria dar explicações e a Casa Branca garantiu que alegações do jornalista são “totalmente falsas”.

O jornalista Seymour Hersh ficou internacionalmente conhecido em 1970, quando revelou o massacre de My Lai, no Vietname, cometido pelas forças norte-americanas, pelo qual recebeu o Prémio Pullitzer.

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