Emissão Renascença | Ouvir Online
A+ / A-

Guerra na Ucrânia

Macron acusa Putin de "provocar o regresso dos imperialismos" na Europa

20 set, 2022 - 21:12 • Lusa

Presidente francês questionou o papel dos países considerados não alinhados em relação à invasão russa da Ucrânia e garantiu que mantém aberto um canal de diálogo com Putin, com quem tenciona falar nos próximos dias, em especial sobre segurança nuclear.

A+ / A-

O Presidente francês, Emmanuel Macron, acusou esta terça-feira a Rússia de "provocar o regresso dos imperialismos e das colónias" na Europa com a invasão da Ucrânia, em fins de fevereiro.

"O que estamos a testemunhar desde 24 de fevereiro é um regresso à era dos imperialismos e das colónias. A França recusa essa ideia e irá obstinadamente procurar a paz", frisou o chefe de Estado francês ao discursar na Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque.

"Quem é hegemónico hoje senão a Rússia?", questionou Macron.

"Aqueles que hoje estão calados servem, ou secretamente com uma certa cumplicidade, a causa de um novo imperialismo, de um cinismo contemporâneo que está a desintegrar a nossa ordem internacional sem a qual a paz não é possível", lamentou Macron.

Antes, na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, o secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou para um "inverno de descontentamento no horizonte", num mundo "paralisado" por divisões apesar das crises crescentes, desde a guerra na Ucrânia até ao aquecimento global.

A invasão da Ucrânia pela Rússia está no centro da semana diplomática de alto nível na Assembleia Geral das Nações Unidas.

Na quarta-feira, está prevista a intervenção do Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky -- por vídeo graças a uma autorização especial votada na semana passada pelos Estados-Membros. Quinta-feira, haverá uma reunião do Conselho de Segurança a nível dos ministros dos Negócios Estrangeiros.

Macron destacou, no entanto, que mantém um canal aberto de diálogo com a Rússia de Putin, com quem planeia voltar a falar nos próximos dias, em especial sobre segurança nuclear.

Numa parte do discurso, o presidente francês questionou o papel dos países considerados não alinhados em relação à invasão russa da Ucrânia.

"Alguns fazem-nos acreditar que haveria o Ocidente de um lado e o resto do mundo do outro. Sou contra essa divisão", disse o presidente, que pediu aos países que se dizem neutros que saiam dessa posição para não serem cúmplices do novo imperialismo russo.

Na intervenção, Macron continuou as duras críticas contra Moscovo, sublinhando a "agressão russa à Ucrânia", em que Putin está a tentar envolver toda a comunidade internacional.

"Com a guerra, a Rússia decidiu abrir a proibição de outras guerras de anexação, hoje na Europa, mas talvez amanhã na Ásia, África e América Latina. O que vimos desde 24 de fevereiro é um regresso ao imperialismo e ao colonialismo, rejeitado pela França", insistiu.

Para Macron, a paz "só é possível" se a Ucrânia "soberanamente" a quiser e a Rússia aceitar, "de boa-fé", que a soberania ucraniana seja "respeitada, com um território libertado e com garantia de segurança".

Falando aos jornalistas antes de subir à tribuna, Macron disse que os referendos russos nas regiões ucranianas ocupadas sobre a anexação das autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Lugansk, e das administrações de Kherson e Zaporijia, não obterão reconhecimento da comunidade internacional e que, como tal, "não terão nenhuma consequência no plano jurídico".

"Os referendos são uma provocação suplementar. [...] Constituem a demonstração de cinismo por parte da Rússia. Se não fosse trágico, até daria para nos rirmos", disse Macron.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+