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Ucrânia rejeita acusações da Amnistia Internacional

04 ago, 2022 - 16:43 • Lusa

Chefe da diplomacia ucraniana diz que vidas das pessoas são "prioridade" e que populações das cidades próximas das frentes de combate estão a ser retiradas.

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O chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kuleba, afirmou nesta quinta-feira estar "indignado" com as acusações "injustas" avançadas pela Amnistia Internacional, que denunciou que as forças de Kiev também puseram civis em perigo no conflito em curso com Moscovo.

"Estou indignado, como todos, com o relatório da Amnistia Internacional. Considero-o como injusto", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, num vídeo publicado na rede social Facebook.

Num relatório hoje conhecido, a Amnistia Internacional (AI) alertou que as forças ucranianas põem em perigo a população civil quando estabelecem bases militares em zonas residenciais e lançam ataques a partir de áreas habitadas por civis.

As forças ucranianas põem civis em perigo quando montam bases e operam sistemas de armas "em zonas habitadas por civis, incluindo em escolas e hospitais, para repelir a invasão russa que começou em fevereiro", considerou a organização não-governamental (ONG), denunciando ainda que tais táticas violam o direito internacional e tornam zonas civis em objetivos militares contra os quais os russos retaliam.

"Estar numa posição defensiva não isenta as forças armadas ucranianas de respeitar o direito internacional humanitário", afirmou a secretária-geral da AI, Agnès Callamard.

No mesmo vídeo, Dmytro Kuleba lança também acusações à Amnistia Internacional, criticando a ONG por "criar um falso equilíbrio entre o opressor e a vítima, entre o país que está a destruir centenas e milhares de civis, cidades, territórios, e o país que se está a defender desesperadamente".

"Parem de criar esta falsa realidade, onde todos são um pouco culpados de alguma coisa, e comecem a relatar sistematicamente a verdade sobre o que a Rússia realmente representa hoje", acrescentou o ministro.

Momentos antes destas declarações de Kuleba, o conselheiro presidencial ucraniano Mykhailo Podoliak também tinha reagido ao relatório da ONG, assegurando que "as vidas das pessoas" são "a prioridade" e que as populações das cidades próximas das frentes de combate estavam a ser retiradas.

Mykhailo Podoliak acusou a AI de participar numa "campanha de desinformação e propaganda" para servir os argumentos do Kremlin (Presidência russa).

No relatório divulgado nesta quinta-feira, a ONG ressalva que a atuação das forças ucranianas não justifica de modo algum os ataques indiscriminados da Rússia, que mataram mais de cinco mil civis, de acordo com as Nações Unidas.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de quase 17 milhões de pessoas de suas casas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de dez milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Também segundo as Nações Unidas, cerca de 16 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que está a responder com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca à energia e ao desporto.

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