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Exportações de cereais da Ucrânia desbloqueadas. Até quando? E quem inspeciona?

22 jul, 2022 - 11:56 • Lusa

Acordo entre Moscovo e Kiev, negociado com mediação da Turquia e da ONU, será assinado esta sexta-feira à tarde, em Istambul. Estes são os pontos já conhecidos.

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A Ucrânia e a Rússia preparam-se para assinar um acordo, esta sexta-feira em Istambul, que irá permitir a exportação de cereais ucranianos, bloqueados nos portos do Mar Negro desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, no final de fevereiro, com grande impacto nos mercados mundiais.

O acordo, negociado durante os últimos dois meses sob mediação da Turquia e das Nações Unidas, ainda não foi apresentado, mas, a poucas horas da assinatura - marcada para as 14:30 (hora de Lisboa) no Palácio Dolmabahçe, na cidade turca de Istambul, na presença do secretário-geral da ONU, António Guterres -, algumas condições já são conhecidas.

Estes são alguns pontos do acordo alcançado, segundo a agência France-Presse (AFP):

Coordenação e controlo em Istambul

Um centro para coordenar e controlar estas exportações será criado na cidade onde o acordo foi alcançado e dirigido por representantes das partes envolvidas: um ucraniano, um russo, um turco e um representante da ONU, auxiliados pelas suas respetivas equipas.

Estes delegados serão responsáveis por estabelecer o cronograma de rotação de navios no Mar Negro.

Segundo os especialistas envolvidos na negociação, ainda são necessárias três a quatro semanas para finalizar os detalhes e tornar o centro operacional.

Inspeções na Turquia à partida e à chegada

A inspeção dos navios que transportam os cereais é uma exigência de Moscovo, que quer garantir que os navios não irão servir para entregar armas à Ucrânia.

Estas inspeções não terão lugar no mar, por razões práticas, mas sim na Turquia, provavelmente em Istambul, que tem dois grandes portos comerciais, na entrada do Bósforo (Haydarpasa) e no mar de Mármara (Ambarli).

Conduzidas por representantes das quatro partes envolvidas na elaboração do acordo, serão realizadas tanto à saída como à chegada dos navios.

Navios viajarão por corredores seguros

Os russos e os ucranianos comprometem-se a manter corredores marítimos no Mar Negro livres de qualquer atividade militar.

De acordo com o acordo, se for necessário proceder a uma desminagem, esta será realizada por um "país terceiro" -- nenhum dos três envolvidos -- que ainda não foi nomeado.

Quando partirem da Ucrânia, os navios serão escoltados por embarcações ucranianas (provavelmente militares) até se encontrarem fora das águas territoriais ucranianas.

Quatro meses, mas renovável

O acordo será assinado para estar em vigor nos quatro meses seguintes, com renovação automática prevista.

O prazo inicial foi calculado tendo em conta que estão 20 a 25 milhões de toneladas de cereais bloqueados nos silos dos portos ucranianos. Se forem exportados oito milhões de toneladas por mês, este período de quatro meses será suficiente para retirar o que já está armazenado.

Contrapartida para cereais e fertilizantes da Rússia

Um memorando de entendimento deverá acompanhar este acordo, garantindo que as sanções ocidentais contra Moscovo não incidirão direta ou indiretamente em cereais e fertilizantes.

Esta foi uma exigência da Rússia, que a tornou condição 'sine qua non' para a assinatura do acordo.

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