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​ONU acusa talibãs de assassinatos e abusos de direitos no Afeganistão

20 jul, 2022 - 14:33 • Lusa

Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão destacou que são sobretudo as mulheres e as raparigas as mais prejudicadas com os talibãs no poder, tendo em conta que foram despojadas de muitos dos seus direitos humanos com os atuais governantes do país.

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Centenas de pessoas já morreram no Afeganistão desde a tomada de poder dos talibãs em agosto do ano passado, divulgaram esta quarta-feira as Nações Unidas (ONU) num relatório.

A Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão destacou que são sobretudo as mulheres e as raparigas as mais prejudicadas com os talibãs no poder, tendo em conta que foram despojadas de muitos dos seus direitos humanos com os atuais governantes do país.

"Já é hora de todos afegãos poderem viver em paz e reconstruirem as suas vidas depois de 20 anos de conflito armado. Apesar da melhoria da situação de segurança, o povo do Afeganistão, em particular as mulheres e raparigas, está privado do pleno gozo dos seus direitos humanos", afirmou o representante especial adjunto do secretário-geral para o Afeganistão, Markus Potzel.

Segundo o documento, pelo menos 700 pessoas foram mortas e 1.400 ficaram feridas desde agosto de 2021, quando os extremistas islâmicos saquearam a capital afegã de Cabul, na mesma altura em que os Estados Unidos e a NATO se retiravam do país.

A maioria das mortes relaciona-se com conflitos entre os talibãs e o ramo afegão do grupo Estado Islâmico.

Depois da tomada do poder, os talibãs rapidamente aplicaram um regime mais duro, com medidas radicais semelhantes às aplicadas no anterior Governo talibã, entre 1996 e 2001.

Segundo os extremistas, as mulheres, incluindo até as apresentadoras de televisão, são obrigadas a cobrir as suas caras, deixando a descoberto apenas os olhos, e não podem estudar para além do sexto ano de escolaridade.

De acordo com a ONU, a erosão dos direitos das mulheres é um dos sinais mais evidentes da administração talibã, tendo em conta que desde agosto as cidadãs afegãs foram perdendo progressivamente o acesso à educação, ao trabalho e a outros aspetos da vida pública e quotidiana.

Impedir as raparigas de transitar para o ensino secundário significa que haverá uma geração completa de mulheres a não completar os 12 anos de educação básica, alertou a ONU.

"A educação e a participação das mulheres e raparigas na vida pública é fundamental para qualquer sociedade moderna. A relegação do sexo feminino para o lar retira ao Afeganistão o benefício dos contributos significativos que estas mulheres têm para dar. Educação para todos não é só um direito humano basilar, como é a chave para o progresso e o desenvolvimento de uma nação", afirmou Potzel.

O Afeganistão está ainda mergulhado numa crise económica agravada pela tomada do poder pelos talibãs, que levou ao congelamento de fundos para a reconstrução.

O país também tem sido atingido por desastres naturais, como o terramoto que há duas semanas provocou mais de mil mortos, além de secas e inundações.

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