06 jul, 2022 - 10:39 • Joana Azevedo Viana com Reuters
Há quem lhe chame o sempre-em-pé, dado que tem conseguido manter-se à frente do Governo britânico apesar de sucessivos escândalos. Mas será que Boris Johnson consegue resistir a mais um?
Esta quarta-feira, pelo menos mais três membros do Governo renunciaram aos cargos por perda de confiança no primeiro-ministro, com o número de políticos que exigem a sua demissão a aumentar a cada hora.
No mês passado, Johnson sobreviveu résvés a uma moção de censura no Parlamento, o que lhe garante 12 meses de imunidade até uma nova poder ser apresentada no Parlamento. Contudo, até dentro do Partido Conservador aumentam as pressões para que se demita.
Alguns legisladores estão empenhados em alterar as regras para reduzir esse período de imunidade. Outros já pediram diretamente aos ministros de Johnson que sigam as pisadas dos cinco demissionários para forçar a saída do primeiro-ministro.
Mas afinal, porque é que Boris está sob fogo? E o que pode acontecer nos próximos dias?
Chris Pincher era, até esta semana, deputado e vice-presidente da bancada conservadora, até ter sido suspenso pelo partido por alegações de assédio sexual.
Pincher é acusado de apalpar dois homens num clube privado em Londres. Quando as acusações surgiram, Johnson garantiu que mantinha total confiança nele, mas viria a saber-se mais tarde que já tinha recebido outra queixa contra o deputado em 2019.
Boris diz que não se lembrava dessa instância e assumiu que foi "um erro" não agir na altura. Contudo, continua a rejeitar os pedidos para abandonar o cargo.
A opção mais óbvia é o primeiro-ministro decidir que já perdeu demasiados apoios e demitir-se. Mas até agora, não deu qualquer sinal de que esteja disposto a isso.
Uma segunda alternativa é que mais ministros e outros elementos do executivo decidam seguir o caminho de Rishi Sunak, Sajid Javid, Will Quince, John Glen e Laura Trott e renunciem aos seus cargos, quase seguramente forçando Boris a demitir-se.
Reino Unido
Depois de ter ido à televisão defender o primeiro-(...)
Contudo, os media britânicos sugerem que ministros de renome como a dos Negócios Estrangeiros, Liz Truss, o da Defesa, Ben Wallace, e o da Habitação, Michael Gove, não pretendem demitir-se.
Quanto à opção de se alterarem as regras para que uma nova moção de confiança possa ser apresentada em menos de um ano, tudo dependerá das eleições para o chamado Comité 1922, responsável por delinear essas regras, que terão lugar em breve, adianta a Reuters.
Caso o primeiro-ministro saia (por decisão própria ou porque foi forçado a tal), dá-se início ao processo para encontrar um novo líder do Governo, um que é supervisionado pelo Comité 1922 e que funciona da seguinte forma:
Pode variar, dependendo de quantos conservadores se apresentam como candidatos à liderança.
Em 2016, quando o Reino Unido passou por este processo, Theresa May tornou-se líder do partido menos de três semanas depois de o seu antecessor, David Cameron, ter resignado aocargo em 2016, também graças ao facto de alguns candidatos terem desistido a meio da corrida.
Mais tarde, em 2019, Boris Johnson enfrentou o ex-ministro Jeremy Hunt nas eleições internas para substituir May, e assumiu o poder dois meses depois de esta ter anunciado a sua demissão.
Neste momento são citados pelo menos sete potenciais candidatos à liderança do Partido Conservador caso Boris Johnson abandone o cargo, incluindo: