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Alterações climáticas estão a aumentar risco de uma nova pandemia

04 mai, 2022 - 16:11 • Diogo Camilo

Estudo prevê que a mudança de habitat de espécies devido à subida das temperaturas dê origem a mais de 15 mil novos casos de transmissão de vírus entre mamíferos nos próximos 50 anos.

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Durante os próximos 50 anos, as alterações climáticas podem dar origem a mais de 15 mil novos casos de transmissão de vírus entre mamíferos, com a pandemia da Covid-19 a ter sido o exemplo mais recente de como o clima pode levar à mudança de habitats e a um risco acrescido de encontro entre espécies capazes de propagar agentes infeciosos - e doenças.

Segundo um estudo da Nature, divulgado na passada semana, o risco de uma pandemia à escala do vírus SARS-CoV-2 será cada vez maior nas próximas décadas, com investigadores da Universidade de Georgetown, nos EUA, a estimarem que, até 2070, 98% das espécies de mamíferos terá, pelo menos, uma interação com outra espécie com a qual nunca tinha tido contacto.

Tal fará com que existam mais de 300 mil novos contactos entre espécies, algumas delas a viverem em novos habitats devido às alterações climáticas. Destes contactos resultarão 15 mil eventos de transmissão de vírus como o que originou o novo coronavírus em humanos.

“A analogia mais próxima [à pandemia da Covid-19] está nos riscos que vemos no tráfico de animais selvagens. Estamos preocupados porque juntam animais doentes em condições não-naturais que criam oportunidades para que vírus saltem de morcegos para civetas e depois de civetas para humanos. Com um cenário de alteração climática, estes processos tornam-se a norma em quase todo o lado em condições naturais”, aponta o biologista Colin Carlson, autor principal do estudo, à Nature.

A investigação prevê que muita da transmissão de novos vírus aconteça quando espécies se encontrem pela primeira vez durante a mudança para climas menos quentes devido ao aumento da temperatura da Terra, estimando que o fenómeno ocorra com maior frequência em ecossistemas com uma fauna rica a altas altitudes, particularmente em África, América do Sul e Ásia.

Mesmo que o planeta não aqueça mais do que 2ºC em relação aos níveis pré-industriais até ao final do século - algo que nem sequer está garantido -, o número de primeiros encontros entre espécies irá duplicar até 2070, refere o estudo, que aponta Portugal como um destino com elevado risco de transmissão de vírus.

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