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Diário de Guerra

Dia 51. Zelenskiy diz que para os russos a vida "não vale nada" e EUA acreditam que a guerra será longa

15 abr, 2022 - 23:03 • João Carlos Malta

Nesta guerra, já morreram quase 200 crianças.A Rússia avisou os Estados Unidos, através de uma carta diplomática, que se continuarem a armar a Ucrânia haverá “consequências imprevisíveis” para a segurança mundial.

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No 51ª dia de Guerra, o dia ficou marcado por mais uma entrevista do presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy que, em declarações ao canal norte-americano CNN, expressou preocupação em relação ao uso de armas nucleares táticas por parte do exército russo. A possibilidade já havia sido aventada antes pela diplomacia norte-americana.

"Não me deve preocupar apenas a mim, mas a todo o mundo. Todos os países devem estar preocupados", afirmou Zelenskiy.

Na mesma entrevista à CNN, o líder da Ucrânia admitiu que a informação de que a Rússia venha a usar armas nucleares até pode "não ser fidedigna", "mas também pode ser verdade".

O receio de Zelenskiy resulta do facto de para os russos "a vida das pessoas, não vale nada". Ainda assim diz à população que não deve ter receio. "Não devemos ter medo, devemos estar prontos", sublinha .

Tudo isto num dia em que pela primeira vez foi reportado o uso de mísseis de longo alcance por parte do exército russo na cidade de Mariupol.

Entretanto, e quando a invasão russa à Ucrânia teve início há mais de um mês e meio, os EUA dizem acreditar que o conflito que se vá prolongar por 2022. O jornal britânico The Telegraph avança que Washington espera que o conflito não seja de curta duração.

A mesma indicação foi transmitida pelo secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, a aliados europeus, com a mensagem de que os objetivo de Putin terão mudado e de que o presidente russo dificilmente entrará em negociações diplomáticas a menos que tenha uma derrota no terreno significativa.

Já a Rússia avisou os Estados Unidos, através de uma carta diplomática, que se continuarem a armar a Ucrânia haverá “consequências imprevisíveis” para a segurança mundial.

A notícia é avançada pelo The Washington Post, que teve acesso a uma cópia do documento.

“Sobre as preocupações da Rússia no contexto do fornecimento em massa de armas e equipamentos militares ao regime de Kiev”, é o título desta nota.

O Kremlin acusa os Estados Unidos e os seus aliados de violarem “princípios rigorosos” que regem a transferência de armas para zonas de conflito e de ignorar “a ameaça de armas de alta precisão” que venham a cair nas mãos de “nacionalistas radicais, extremistas e forças de bandidos na Ucrânia”.

O conflito do Leste da Europa tem colocado a NATO debaixo de fogo diplomático, por agora. Desta vez é a possível entrada da Finlândia e da Suécia na organização a agitar as águas.

"É muito provável, mas a decisão ainda não foi tomada”, adiantou a ministra dos Assuntos Europeus, Tytti Tuppurainen, à estação britânica Sky News, dias depois da diplomacia russa ter alertado que a eventual adesão da Finlândia e da Suécia à aliança teria consequências para estes dois países e não contribuiria para a segurança na Europa.

“Os finlandeses parecem ter tomado a sua decisão e já há uma grande maioria a favor da adesão à NATO”, considerou Tytti Tuppurainen.

198 crianças mortas

Durante este conflto, até este sexta-feira, foram mortas 198 crianças e 355 feridas desde o início da invasão. Os dados são do mais recente relatório do Gabinete do Procurador-Geral da Ucrânia que dá conta de ter registado 6.673 crimes de agressão e de guerra.

Já o serviço de fronteira polaco anunciou que o número de refugiados ucranianos que chegou ao país ultrapassou os 2,75 milhões.

Só esta quinta-feira, 26.800 pessoas atravessaram a fronteira entre a Ucrânia e a Polónia, com o recorde diário a ter sido registado a 6 de março, com 142 mil ucranianos a fugirem para o país num dia.

Esta Sexta-Feira Santa, o cardeal Konrad Krajewski, esmoler do Papa, disse que não há lágrimas para expressar a dor de ver tantas mortes e tanta destruição.

Este cardeal está há alguns dias na Ucrânia para a terceira visita ao país devastado pela guerra. "Estamos agora a voltar para Kiev, desses lugares difíceis para qualquer pessoa do mundo, onde ainda encontramos tantos mortos e uma tumba de pelo menos 80 pessoas, sepultadas sem nome ou sobrenome. E faltam as lágrimas, faltam as palavras. Menos mal que existe a fé", afirmou.

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