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Português na Ucrânia

Ucranianos não acreditam nas negociações. “São dois barcos a rumar em rumos diferentes”

28 fev, 2022 - 11:01 • Henrique Cunha , Olímpia Mairos

William Lopez, à semelhança dos ucranianos, tem mais esperança na reação adversa da população russa a esta guerra do que propriamente nas negociações.

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O empresário português William Lopez, a residir na cidade de Cerkassy, a cerca de 300 Km de Kiev, diz que a população não acredita muito na anunciada negociação entre a Rússia e a Ucrânia.

Em geral, “todo o povo está incrédulo, porque a gente sabe quais são os termos que o Putin quer e a gente sabe quais são os termos de Zelensky quer. Putin quer a neutralidade da Ucrânia e Zelensky quer entrar na União Europeia e na NATO. São dois barcos a rumar em rumos diferentes”, conta.

William Lopez, à semelhança dos ucranianos, tem mais esperança na reação adversa da população russa a esta guerra do que propriamente nas negociações.

“A gente sabe que Putin já passou do limite do dinheiro que ele podia gastar nesta guerra e ele também não contava com estas sanções todas. E, por isso, a gente tem a esperança é de acordar o povo russo porque muito do povo russo não sabe do que se está a passar na Ucrânia. Então a gente vê que a esperança do presidente ucraniano e do povo ucraniano é tentar deitar a Rússia abaixo internamente”, explica.

Este português continua a afirmar que não pretende abandonar a Ucrânia, referindo que atualmente não existem condições de segurança para sair do país.

“Eu continuo a não querer sair da Ucrânia. Primeiro, mesmo que eu quisesse, as estradas estão cortadas. Segundo é muito perigoso agora sair porque não sabemos onde é que vamos encontrar Exército russo, ou onde é que vão cair coisas em cima de nós. E terceiro aqui a gasolina está limitada a vinte litros, ou seja, a saída mais próxima que eu tenho é na Polónia ou na Roménia, e ambas ficam a 500 ou 600 quilómetros”.

Ao contrário do que era a sua expectativa, na cidade onde vive - Cerkassy - também aumentou a tensão e já se ouvem as sirenes de alerta.

“Até agora estava um pouco calmo, mas ontem já disparou a sirene, já caíram roquetes aqui. Caíram da Bielorrússia muito provavelmente. Ou seja, agora as pessoas na rua já estão mais vigilantes e dou-lhe um exemplo: Se a gente sair em grupo, e foi o que aconteceu ontem, as pessoas já vêm ter connosco para perguntar: Vocês são dos nossos? Ou seja, a perguntar se a gente era russo ou se estava com a Ucrânia. Já existe esta desconfiança na rua”, conta William Lopez.

O empresário português, casado com uma ucraniana, vive há seis anos na cidade de Cerkassy, a cerca de 300 quilómetros de Kiev e a mais de 700 quilómetros da fronteira com a Polónia.

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