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NATO condena guerra à Ucrânia. “A paz na Europa foi quebrada”, diz Stoltenberg

24 fev, 2022 - 11:45 • Marta Grosso com agências

A Aliança Atlântica considera a invasão da Ucrânia pela Rússia “uma séria ameaça à segurança euro-atlântica”. Chefes de Estado e de Governo dos países membros reúnem-se na sexta-feira para analisar a situação.

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O secretário-geral da NATO diz que, ao Rússia lançar uma guerra contra a Ucrânia, destruiu a paz no continente europeu.

“Os aliados condenam nos termos mais fortes possíveis o terrível ataque da Rússia à Ucrânia, que é totalmente injustificado e não provocado. Os nossos pensamentos estão com o povo da Ucrânia. As ações da Rússia representam uma séria ameaça à segurança euro-atlântica”, escreve Jens Stoltenberg no Twitter, tendo também dado uma conferência de imprensa.



"Vamos dar apoio militar à Ucrânia. Esta invasão não nos apanhou de surpresa", afirmou o secretário-geral da NATO aos jornalistas.

"As democracias têm de se juntar como uma só. A NATO tem mostrado solidariedade com a Ucrânia e os aliados têm aplicado severas sanções económicas à Rússia, que irá pagar por estas ações. Vamos dar apoio militar à Ucrânia e prepará-la para este conflito. Não queremos uma invasão russa à Ucrânia", continuou.

"Vamos defender os nossos aliados, seja de que território for, e por isso reforçámos a nossa presença militar nos países vizinhos", anunciou ainda.

Cimeira convocada para amanhã

O líder da NATO convocou para sexta-feira (amanhã) uma cimeira da organização para analisar a resposta a adotar perante a agressão russa.

A paz no nosso continente foi destruída. Temos agora uma guerra na Europa numa escala e tipo que pensávamos pertencer ao passado […]. Convoco uma cimeira virtual de líderes da NATO para amanhã para discutirmos o caminho em frente”, declarou Stoltenberg na conferência de imprensa realizada na sede da organização, em Bruxelas, após uma reunião do Conselho do Atlântico Norte.

Jens Stoltenberg adiantou ainda que, na reunião de urgência desta quinta-feira de manhã, o Conselho do Atlântico Norte – principal órgão de decisão política da NATO, ao nível dos embaixadores dos países membros – decidiu ativar os planos de defesa da Aliança.

“Este é um passo prudente e defensivo, para proteger as nações aliadas durante esta crise, e permitir-nos-á deslocar capacidades e forças, incluindo a força de resposta da NATO, para onde for necessário […]. A missão fundamental da NATO é proteger e defender todos os Aliados. Não deve haver espaço para qualquer erro de cálculo ou mal-entendido: um ataque a um será encarado como um ataque a todos”, advertiu..

Depois de semanas de tensão crescente, a Rússia invadiu a Ucrânia nesta quinta-feira de madrugada (3h00 em Lisboa), fazendo ataques aéreos em todo o país, incluindo na capital, Kiev, e avançando com forças terrestres em três frentes: a partir do Norte, do Leste e do Sul do país.

A invasão foi explicada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de proteger civis de etnia russa nas repúblicas separatistas de Donetsk e Lugansk, que reconheceu como independentes na segunda-feira.

Depois do reconhecimento, Putin autorizou o Exército russo a enviar uma força de “manutenção da paz” para Donetsk e Lugansk, referindo na quarta-feira que os líderes das autoproclamadas repúblicas separatistas pró-Rússia tinham pedido ajuda para “repelir a agressão” dos militares ucranianos.

Segundo o Governo ucraniano, tanques e tropas atravessaram a fronteira da Bielorrússia e entraram no país.

“Uma séria ameaça à segurança euro-atlântica”

Numa declaração publicada nesta manhã, o Conselho do Atlântico Norte considera a ação “uma séria ameaça à segurança euro-atlântica” e garantiu “todas as medidas necessárias” de dissuasão e mobilizando meios e destacamentos para proteger aliados.

“As ações da Rússia representam uma séria ameaça à segurança euro-atlântica, e terão consequências geoestratégicas. A NATO continuará a tomar todas as medidas necessárias para garantir a segurança e defesa de todos os aliados”, refere a declaração do principal organismo de decisão política da Aliança.

Após uma reunião de urgência horas depois de Moscovo ter ordenado a operação militar, o Conselho do Atlântico Norte informou que os aliados estão “a destacar forças terrestres e aéreas defensivas adicionais para a parte oriental da Aliança, bem como meios marítimos adicionais”.

“Temos aumentado a prontidão das nossas forças para responder a todas as contingências”, assegura.

Assente nesta reunião ficou o “acordo com o planeamento defensivo para proteger os aliados, tomar medidas adicionais para reforçar ainda mais a dissuasão e a defesa em toda a Aliança”, acrescenta o órgão.

“Exortamos a Rússia a cessar a ação militar”

“As nossas medidas são e continuam a ser preventivas, proporcionadas e não fomentadoras de tensão”, garante o Conselho do Atlântico Norte, condenando “com a maior veemência possível o ataque horrendo da Rússia à Ucrânia, que é totalmente injustificado e não provocado”.

“Exortamos a Rússia a cessar imediatamente a sua ação militar e a retirar todas as suas forças dentro e fora da Ucrânia”, refere ainda.

Caso a Rússia “não volte atrás no caminho da violência e da agressão que escolheu”, terá um “preço económico e político muito elevado” a pagar, adianta a declaração.

O Ocidente acusa Moscovo de quebrar os Acordos de Minsk, assinados por Kiev e pelos separatistas pró-russos de Donetsk e Lugansk, sob a égide da Alemanha, da França e da Rússia.

Os acordos visavam encontrar uma solução para a guerra entre Kiev e os separatistas apoiados por Moscovo que começou em 2014, pouco depois de a Rússia ter anexado a península ucraniana da Crimeia.

A guerra no Donbass já provocou mais de 14.000 mortos e 1,5 milhões de deslocados desde 2014, segundo as Nações Unidas.

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