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“Assassinado pela indiferença”

Fotógrafo René Robert caiu na rua, ninguém o ajudou e morreu

28 jan, 2022 - 13:16 • Teresa Paula Costa

Fotógrafo suíço esteve mais de nove horas exposto ao frio, caído numa rua de Paris, antes de morrer, aos 85 anos. Era reconhecido internacionalmente por ter retratado artistas de flamenco.

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O fotógrafo suíço René Robert, de 85 anos de idade, morreu de hipotermia depois de ter estado mais de nove horas caído numa rua de Paris, numa noite em que as previsões meteorológicas apontavam para uma temperatura mínima de três graus centígrados.

René Robert saiu a 18 de janeiro, cerca das 21h00, após ter jantado, para dar um passeio pela rua Turbigo, no centro de Paris. Em alguma altura, terá caído inconsciente.

Só pelas 6h30 da manhã é que um sem-abrigo chamou os serviços de emergência, não tendo, aparentemente, mais ninguém dado conta da presença do corpo no chão. O fotógrafo ainda foi transportado para o hospital, onde lhe foi diagnosticado um traumatismo craniano e uma grave hipotermia, sendo esta a causa do óbito.

A rua Turbigo liga a Praça da República à Igreja de Santo Eustáquio e ao mercado Les Halles, a dois passos do Museu de Artes e Ofícios e caracteriza-se por ter vários restaurantes.

Para o seu amigo e jornalista Michel Mompontent, René Robert foi “assassinado pela indiferença”, já que “morreu sozinho numa rua movimentada da capital francesa sem que ninguém parasse para o ajudar”. Um “fim de vida trágico e repugnante” que “nos ensina algo sobre nós mesmos”.

Citado pela agência Efe, o Instituto Cervantes de Paris, com o qual Robert trabalhou várias vezes, lamentou a notícia da sua morte, que foi recebida “com muita dor e tristeza”. “O fotógrafo desenvolveu um trabalho insubstituível de testemunho da arte flamenca do século XX” referiu o Instituto, lembrando que “movido pelo seu amor e a sua profunda compreensão da tradição hispânica, foi um fiel colaborador deste centro”.

René Robert (Freiburg, 1936) era um grande conhecedor de flamenco e retratou artistas como Paco de Lucía, Camarón de la Isla, Sara Baras, Vicente Amigo, Eva Yerbabuena, Marina Heredia e Estrella Morente. Ao longo de sua vida, expôs em muitas cidades, como Paris, Roma, Luxemburgo e Nimes.

Comentários
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  • Anónimo
    29 jan, 2022 Lisboa 18:48
    É só escumalha neste planeta... A quem passou por ele e não fez nada para o ajudar, só posso desejar igual ou pior.

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