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McAfee. Criador do antivírus informático detido por evasão fiscal

06 out, 2020 - 13:48 • Marta Grosso

John McAfee arrisca uma pena de prisão de 30 anos. É acusado de não ter apresentado declarações de rendimentos entre 2014 e 2018. No ano passado, foi detido na República Dominicana por suspeitas de traficar armas.

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O empresário do software antivírus John McAfee foi detido em Espanha e enfrenta agora a extradição para os Estados Unidos, onde foi acusado de evasão fiscal. A detenção terá ocorrido no sábado à noite, quando o milionário se preparava para apanhar um voo para Istambul (Turquia).

A notícia está a ser avançada nesta terça-feira pela BBC e por outros jornais. Em causa está a acusação de evasão fiscal da justiça norte-americana sobre McAfee, que não terá apresentado declarações de impostos durante quatro anos, apesar de ganhar milhões com o trabalho de consultoria, palestras, criptomoedas e com a venda dos direitos sobre a história da sua vida.

“Entre 2014 e 2018, McAfee não terá apresentado declarações de impostos, apesar de receber rendimento considerável dessas fontes”, lê-se no comunicado do Departamento de Justiça dos EUA.

O criador do antivírus é ainda acusado de ocultar bens, incluindo um iate e propriedades imobiliárias, que colocou em nome de terceiros.

Uma fonte judicial disse à agência Reuters que, depois de detido no aeroporto de Barcelona (Espanha), McAfee foi apresentado a um juiz do Supremo Tribunal, tendo deposto através de vídeochamada e enviado para a prisão sem fiança, onde aguardará o processo de extradição.

Depois de ter sido preso, a conta oficial da McAfee no Instagram postou uma mensagem "McAfee grátis" com uma foto do empresário.


Na segunda-feira, os procuradores federais dos EUA tornaram pública a acusação contra a McAfee – algo que aconteceu pouco tempo depois de a Securities and Exchange Commission (SEC) dos Estados Unidos revelar que havia movido ações civis contra McAfee.

O regulador norte-americano alega que o John McAfee ganhou mais de 23 milhões de dólares ao "tirar proveito da fama" e recomendar sete ofertas de criptomoedas entre 2017 e 2018, que se terão revelado "essencialmente inúteis", sem revelar que foi pago para tal.

A SEC pretende que o milionário devolva os "ganhos supostamente obtidos indevidamente", com juros, bem como proibi-lo permanentemente de assumir cargos de executivo ou diretor de qualquer empresa que apresente relatórios à SEC.

Acusado pela SEC está ainda o guarda-costas de McAfee, Jimmy Watson, por ajudar e encorajar a venda de moedas digitais, além de outras acusações.

Nenhum dos acusados fez qualquer declaração pública até agora. Se for condenado, John McAfee pode ser sentenciado até 30 anos de prisão.

Quem já reagiu à detenção foi a mulher, Janice McAfee.


Uma personagem controversa

John McAfee é uma figura controversa no setor de tecnologia. Ganhou destaque na década de 1980, ao lançar o primeiro software antivírus comercial (McAfee VirusScan), e começou uma indústria multibilionária.

Embora o negócio tenha sido vendido para a Intel, o empresário ainda desenvolve produtos próprios de segurança cibernética.

Nascido no Reino Unido, McAfee tem manifestado rejeição pelo pagamento de impostos. No ano passado, no Twitter, afirmou que não havia apresentado declarações de impostos durante oito anos, porque "os impostos são ilegais".

Também em 2019, esteve detido temporariamente na República Dominicana por suspeitas de tráfico de armas no país.

Em 2012, McAfee fez as capas dos jornais depois de a polícia de Belize ter começado a investigar a morte do vizinho e empresário da Flórida Gregory Faull. O milionário deixou o país após a morte de Faull, dizendo que temia pela sua própria segurança e garantindo que nada tinha a ver com o homicídio.

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