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Crise diplomática

Navalny acordou do coma e está a reagir. Rússia critica tentativas "absurdas" de culpabilização

07 set, 2020 - 15:57 • Joana Azevedo Viana com Lusa

Equipa médica a tratar opositor de Putin em hospital de Berlim diz que continua a não poder excluir danos permanentes na sequência do "envenenamento severo" com recurso a um agente neurotóxico desenvolvido pela URSS.

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O líder da oposição russa Alexei Navalny, envenenado com um agente nervoso em meados de agosto na Sibéria, acordou do coma induzido e está responsivo, anunciou esta segunda-feira a equipa médica do hospital de Berlim para onde Navalny foi transportado a 22 de agosto.

Os médicos dizem que ainda não está excluída a possibilidade de Navalny vir a sofrer de danos permanentes na sequência do que classificam como um "envenenamento severo" com recurso ao Novichok, um agente neurtóxico de nível militar que em 2019 foi proibido pela Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ).

A substância, desenvolvida pela União Soviética e já ligada ao envenenamento do ex-espião russo Sergei Skripal e da sua filha, foi identificada por uma equipa de médicos do Exército alemão.

Ontem, a Alemanha fez um ultimato à Rússia exigindo ao Governo de Vladimir Putin que "esclareça o que aconteceu". Já hoje, o Kremlin voltou a garantir que não está envolvido no caso e a criticar as tentativas "absurdas" de culpar o Governo russo pelo que aconteceu.

"Todas as tentativas de associar a Rússia de qualquer forma ao que aconteceu (a Navalny) é inaceitável para nós", disse hoje aos jornalistas o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. Essas tentativas são "absurdas", acusou Peskov.

De acordo com o Governo alemão, Navalny foi "inequivocamente" envenenado por um agente nervoso do tipo Novichok, uma substância projetada ainda no tempo da antiga União Soviética para uso militar.

Projeto de gasoduto pode ser suspenso

Também esta segunda-feira, a chanceler alemã, Angela Merkel, admitiu que possa haver consequèncias deste caso para o projeto de gasoduto NordStream 2.

"A chanceler (Angela Merkel) considera que seria errado excluí-lo logo a partida”, disse numa conferência de imprensa o porta-voz Steffen Seibert, ao ser questionado se possíveis sanções contra a Rússia poderiam afetar a construção da infraestrutura.

Em caso de sanções, tinha avisado ontem o ministro alemão dos Negócios Estrangeiros, Heiko Maas, é possível que o projeto NordStream 2 venha a ser congelado. Hoje, o Kremlin rejeitou a ameaça, garantindo que a Alemanha nunca irá suspender o gasoduto.

"Vemos declarações como esta e observamos que para cada nova declaração deste tipo surgem mais duas que explicam o quão absurdas são essas propostas", disse hoje o porta-voz do Presidente russo, Dmitri Peskov.

Principal opositor do Presidente Putin, conhecido pelas investigações anticorrupção a membros da elite russa, Alexei Navalny, de 44 anos, está internado, em coma, desde 20 de agosto.

O político sentiu-se mal durante um voo de regresso a Moscovo, após uma deslocação à Sibéria. Foi primeiro internado num hospital de Omsk, na Sibéria, tendo sido transferido, posteriormente, para o hospital universitário Charité, em Berlim.

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  • Ivo Pestana
    07 set, 2020 Funchal 16:24
    Investiguem bem e provém bem. Não acusem a Rússia sem provas.

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