07 jul, 2020 - 18:09 • Lusa
O Governo dos Estados Unidos está a considerar restringir o acesso dos utilizadores norte-americanos à aplicação chinesa TikTok, alegando a possibilidade de o regime chinês usar o serviço de partilha de vídeos como forma de monitorar e distribuir propaganda.
Em declarações à cadeia televisiva Fox, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, observou que está, em conjunto com o Presidente Donald Trump, a "levar a sério essa possibilidade".
A Índia tomou aquela decisão, na semana passada, por considerar a aplicação "prejudicial à soberania e à integridade" do país, alegando que é usada para "roubar e transmitir clandestinamente e sem autorização dados dos utilizadores para servidores localizados fora da Índia". A Austrália está a considerar adotar a mesma medida.
"Estamos a levar muito a sério e a analisar essa possibilidade", reiterou Pompeo. O secretário de Estado norte-americano recusou-se a entrar em mais detalhes sobre o assunto, apontando que não queria "adiantar-se" a um possível anúncio presidencial.
Mike Pompeo alertou os cidadãos norte-americanos a serem cautelosos no uso do TikTok, caso não queiram que as suas informações privadas caiam "nas mãos do Partido Comunista Chinês".
O TikTok é uma aplicação de partilha de vídeos que pertence à empresa ByteDance, com sede em Pequim.
A China é a maior defensora do conceito de "soberania do ciberespaço", pelo que exclui vários órgãos de comunicação ou portais estrangeiros, incluindo Facebook, Twitter ou Instagram, da rede chinesa, a maior do mundo, com cerca de 710 milhões de utilizadores.
O TikTok tinha 800 milhões de usuários, em janeiro passado, em todo o mundo.
A plataforma tem frequentemente de se defender devido aos seus vínculos com a China, onde a ByteDance tem uma aplicação semelhante, sob outro nome, negando que compartilha dados de usuários com as autoridades chinesas e que negaria solicitações nesse sentido.
TikTok anuncia suspensão do serviço em Hong Kong
Os residentes de Hong Kong vão deixar de poder usar a rede social de partilha de vídeos TikTok, no âmbito da lei de segurança nacional imposta pelo regime chinês, anunciou hoje a empresa.
"À luz dos eventos recentes, decidimos suspender a aplicação TikTok em Hong Kong", disse um porta-voz do grupo chinês de tecnologia ByteDance, citado pela agência noticiosa France-Presse.
A suspensão completa deverá ser feita dentro de alguns dias, segundo o grupo que detém o TikTok.
Facebook, Google e Twitter confirmaram na segunda-feira que não vão responder aos pedidos de informações sobre os seus utilizadores por parte do Governo e autoridades de Hong Kong, por respeito à liberdade de expressão.
As quatro plataformas globais disseram que as suas equipas estão a analisar a controversa nova lei.
Hong Kong, antiga colónia britânica que regressou à China, em 1997, com a condição de que certas liberdades fossem mantidas, tem acesso ilimitado à Internet, ao contrário da China continental, onde redes sociais e vários órgãos de comunicações estrangeiros estão bloqueados.
A China aprovou a lei de segurança nacional de Hong Kong, na semana passada, visando punir "atos de secessão, subversão, terrorismo e conluio com forças estrangeiras para pôr em risco a segurança nacional".
O documento surgiu após repetidas advertências do poder comunista chinês contra a dissidência em Hong Kong, abalada em 2019 por sete meses de manifestações em defesa de reformas democráticas e quase sempre marcadas por confrontos com a polícia, que levaram à detenção de mais de nove mil pessoas.