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​Covid-19: OMS suspende testes com hidroxicloroquina, o medicamento sugerido por Trump

25 mai, 2020 - 18:38 • Redação com Reuters

Decisão conhecida dias depois de um estudo sugerir que os antimaláricos cloroquina e hidroxicloroquina podem aumentar o risco de morte e arritmias em doentes hospitalizados com covid-19.

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A Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou esta segunda-feira a suspensão temporária dos ensaios clínicos com hidroxicloroquina em pacientes com Covid-19 por razões de precaução e segurança.

“O grupo executivo implementou uma pausa temporária no braço da hidroxicloroquina no estudo Solidariedade, enquanto os dados de segurança são revistos pelo conselho de monitorização de dados de segurança”, disse Tedros Adhanom, diretor da OMS, em conferência de imprensa.

Mike Ryan, chefe do programa de emergências da OMS, disse que a decisão de suspender os ensaios de hidroxicloroquina foi tomada por "muita cautela".

A suspensão acontece dias depois de um estudo sugerir que os antimaláricos cloroquina e hidroxicloroquina podem aumentar o risco de morte e arritmias em doentes hospitalizados com covid-19, defendendo que o seu uso como antivirais deve ser devidamente testado antes de tratar pacientes.

O estudo, divulgado pela revista médica britânica The Lancet, baseou-se na observação de dados de 14.888 doentes hospitalizados com covid-19 (infeção respiratória viral) que foram tratados com um ou ambos os medicamentos para a malária, combinados ou não com a administração dos antibióticos azitromicina e claritromicina, utilizados no tratamento de infeções pulmonares bacterianas.

A OMS já tinha alertado anteriormente contra a utilização da hidroxicloroquina - um medicamento para a malária - para tratar ou prevenir infeções pelo novo coronavírus, à exceção de testes clínicos.

O Presidente norte-americano é um dos principais defensores da hidroxicloroquina para tratar e prevenir a Covid-19.

Na semana passada, Donald Trump anunciou que estava a tomar o fármaco, apesar de não estar doente. "Tenho tomado na última semana. Um comprimido por dia e zero sintomas", referiu.

Perante esta declaração do líder norte-americano, Filipe Froes, coordenador do gabinete de crise da Ordem dos Médicos para a Covid-19, disse esta segunda-feira à Renascença, que Trump deu mais uma prova de ignorância.

“O que o senhor Trump nos acabou de dizer é que este é mais um assunto em que também é ignorante, em que além de desconhecer os efeitos da hidroxicloroquina, não tem seguido os aconselhamentos da comunidade médica cientifica, quer dos Estados Unidos, quer do mundo mais desenvolvido, porque nós neste momento sabemos que a utilização profilática da hidroxicloroquina não tem qualquer utilidade na prevenção da Covid e provavelmente não é tão segura como ele diz e está associada a toxicidade nomeadamente do ponto de vista cardiovascular”, referiu Filipe Froes.

Em abril, o responsável da agência de vacinação dos Estados Unidos disse que foi afastado por pressão política, por se ter oposto ao investimento em hidroxicloroquina. Rick Bright foi afastado do seu cargo depois de ter entrado em conflito com a Human Health Services (HHS), o equivalente à Direção-Geral da Saúde dos EUA, por causa da aposta no medicamento.

A Agência Europeia do Medicamento alertou também em abril para os efeitos colaterais que este tipo de medicamentos pode causar, por exemplo, no ritmo cardíaco. A cloroquina e a hidroxicloroquina podem igualmente provocar convulsões, danos no fígado e nos rins e baixar o nível de açúcar no sangue.

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