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Funcionários da Boeing conheciam falhas nos simuladores do 737-MAX

10 jan, 2020 - 10:52 • Lusa

“Desenhado por palhaços e supervisionado por macacos”. Assim falam os trabalhadores sobre o aparelho protagonista de dois desastres aéreos que resultaram na morte de mais de 300 pessoas no ano passado.

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A Boeing disponibilizou ao Congresso dos Estados Unidos mensagens de texto em que os seus funcionários descredibilizam o processo de certificação do modelo 737 MAX e denigrem o regulador de aviação norte-americano.

Nas mensagens, consultadas pela agência France-Presse (AFP), os pilotos dão conta de falhas nos simuladores do aparelho, na origem de dois trágicos acidentes em 2018 e 2019 que provocaram 346 mortos.

"Este avião é desenhado por palhaços, que por sua vez são supervisionados por macacos", lê-se numa mensagem datada de 2017, numa aparente referência à Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla inglesa).

Noutra mensagem, um funcionário admite a um colega que não deixaria a família voar numa aeronave 737 Max.

"Ainda não fui perdoado por Deus pelo que escondi no ano passado", escreveu ainda outro funcionário, numa mensagem datada de 2018.

Estas mensagens, consultadas pela AFP, foram disponibilizadas por congressistas norte-americanos que estão a investigar o processo de certificação do 737 MAX, na origem de dois trágicos acidentes, na Indonésia (2018) e na Etiópia (2019), em menos de cinco meses, que provocaram 346 mortos e mergulharam a Boeing na mais grave crise da sua história.

"Algumas destas comunicações dizem respeito ao desenvolvimento e qualificação dos simuladores Boeing 737 MAX, em 2017 e 2018", esclareceu a Boeing, acrescentando que disponibilizou as mensagens em nome da "transparência".

A Boeing corre agora o risco de ver pioradas as já tensas relações com a FAA.

"Estas comunicações não refletem a empresa que somos e que precisamos de ser, e são completamente inaceitáveis", disse a Boeing em comunicado.

No final de dezembro, o presidente-executivo da Boeing, Dennis Muilenburg, foi afastado do cargo devido a tensões com a reguladora, tendo sido substituído por David Calhoun.

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