08 nov, 2017 - 15:31 • José Pedro Frazão
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Viveu quase 40 anos em Moscovo onde foi estudante e depois trabalhou durante mais de três décadas como jornalista. José Milhazes, doutorado em História, olha para a Rússia de hoje, cem anos após a revolução, com a convicção de que a próxima ruptura não virá das ruas de Moscovo.
"Chegámos a um ponto em que poderá acontecer uma ruptura. Mas essa ruptura não vai acontecer na rua. Será uma ruptura económica e política. A própria elite russa irá resolver o problema de Putin, à velha maneira antiga, naquilo a que se chama de política bizantina. Resolve-se dentro da corte se é preciso mudar o rei ou não", antevê Milhazes numa edição recente do programa Da Capa à Contracapa, programa da Renascença em parceria com a Fundação Francisco Manuel dos Santos.
O nome e a figura de Vladimir Putin confundem-se hoje com a Rússia. Mas Milhazes assinala as movimentações em curso para a sucessão do homem a quem já chamaram o "novo czar" russo.
"Putin é mortal. Por isso algum dia ele tem que ir embora. A grande questão é o que vai acontecer a seguir. Neste momento, uma parte significativa da intelectualidade e dos homens de negócios russos já estão preocupados em saber o que vai acontecer se Putin deixar o poder", complementa o também comentador de assuntos russos num debate que contou com a participação de Bernardo Pires de Lima, especialista em assuntos internacionais da Universidade Nova de Lisboa.
José Milhazes analisa a relação entre a Rússia e a Europa e não tem dúvidas em afirmar que, "neste momento, a política de Putin continua a ser rebentar com a unidade europeia. E é disso que nós muitas vezes não temos consciência. Nós e os nossos políticos".