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​Bernardo Pires de Lima. "Há espaço para a oposição na Rússia, mas não para ela vingar"

08 nov, 2017 - 15:44 • José Pedro Frazão

Autor de “Putinlândia”, editado em 2016, o investigador do Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI) avalia as possibilidades da oposição a Vladimir Putin na Rússia e analisa a estratégia de Moscovo em relação à Europa.

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Putin ocupa todo o espaço político na Rússia? Não. Alguém resiste e sempre é possível chamar-lhe oposição, mesmo que esse campo esteja carregado de notícias de detenções, exílios e até desaparecimentos que levantam reservas. Bernardo Pires de Lima, que há dois anos publicou um livro sobre o poder de Putin ("Putinlândia", ed. Tinta da China) diz que há espaço para uma oposição ao Presidente russo.

"Há espaço para uma certa ideia de liberdade associada a essa oposição. Não há é espaço para que ela vingue. O senhor Putin, muito inteligentemente, chega ao poder exactamente para se confundir com a Rússia enquanto ideia, identidade e ordem", argumenta Pires de Lima numa edição recente do programa Da Capa à Contracapa, programa da Renascença em parceria com a Fundação Francisco Manuel dos Santos. O investigador do IPRI debateu a situação da Rússia, cem anos após a revolução de 1917, com o jornalista e historiador José Milhazes.

Para Bernardo Pires de Lima, Putin continua a querer influenciar a política europeia de diversas formas, incluindo a manutenção de ligações estreitas com movimentos políticos eurocépticos.

"A vitória no referendo do Brexit é uma vitória do senhor Putin, mesmo que ele não tenha estado directamente envolvido. Teve contactos fortes com o UKIP, alimenta essa narrativa e exponencia-a nas redes sociais. Nisso eles são muito bons. Mas é uma estratégia de médio prazo, que entronca num pilar essencial da política externa russa, independentemente da era em que estejamos a falar: dividir o concerto europeu", conclui o comentador de assuntos internacionais.

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