21 mar, 2016 - 18:12 • Ricardo Vieira
O Presidente cubano, Raúl Castro, afirmou esta segunda-feira, após uma reunião histórica com Barack Obama, que os dois países devem "aprender a arte de conviver de forma civilizada apesar das diferenças".
Castro diz que os dois países têm "diferenças profundas" que nunca vão desaparecer, mas realçou a importância do diálogo entre Cuba e Estados Unidos.
O líder do Governo de Havana considera que as últimas medidas "são positivas, mas insuficientes". Por isso, apela ao levantamento do embargo imposto pelos Estados Unidos a Cuba e à devolução de Guantanamo.
"O embargo é o obstáculo mais importante ao desenvolvimento do país e do povo cubano. Por isso, a sua eliminação será essencial para normalizar as relações bilaterais. Também será positivo para a imigração cubana que deseja o melhor para as suas famílias e o seu pais. Para avançar para a normalização, será também necessário devolver o território ilegalmente ocupado pela base naval de Guantanamo", disse Castro.
Obama garantiu que o embargo terá um fim, mas não se comprometeu com um horizonte temporal. “Vai acabar, não sei quando, mas sei que vai acabar, porque não serve os nossos interesses”, disse.
O Presidente cubano afirmou que vão ser firmados acordos entre os dois países para aprofundar a cooperação na prevenção do vírus zika.
Questionado pelos jornalistas sobre a existência de presos políticos, Raúl Castro respondeu com uma pergunta. "Dá-me a lista com o nome desses presos. Serão libertados até ao final do dia", desafiou o líder cubano.
"Es un nuevo dia"
Barack Obama agradeceu a forma como foi recebido em Cuba. "Seria inimaginável a presença de um Presidente em Cuba nos últimos 50 anos", disse.
O Presidente norte-americano afirmou, em castelhano, que este é um "nuevo dia" nas relações entre os dois países vizinhos, mas avisou que as coisas não vão alterar-se "da noite para o dia" e salientou as diferenças em matéria de democracia e direitos humanos.
"Os Estados Unidos continuarão a lutar pelos direitos humanos em todo o mundo", declarou Obama, que se mostrou entusiasmado com encontro que tem agendado, para terça-feira, com lideres da sociedade civil cubana.
"Mesmo enquanto discutimos estas diferenças, acreditamos que é possível aprofundar os pontos em comum entre os dois países", afirmou.
O Presidente norte-americano anunciou que Havana vai receber um encontro sobre direitos humanos que vai juntar responsáveis dos dois países e convidou Cuba a participar numa cimeira climática, que vai ter lugar em Washington.
"Os Estados Unidos e Cuba estão, mais do que no meu tempo de vida, próximos. O caminho não vai ser fácil, mas já não temos de nadar com os tubarões. Apesar das dificuldades vamos continuar a seguir em frente", declarou Barack Obama.