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Campanha eleitoral termina em Espanha sem solução à vista

19 dez, 2015 - 09:52 • Inês Alberti, em Madrid

Na noite de sexta-feira os quatro principais partidos políticos em Espanha falaram pela última vez antes das eleições gerais.

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Mariano Rajoy, actual primeiro-ministro e candidato pelo PP, apelou ao voto na experiência e na segurança, na noite de sexta-feira, depois de voltar de Bruxelas, onde se encontrou com Angela Merkel. “Jogar às experiências, às novidades, às tertúlias, e ao 'nada' é algo que um país como este, como é Espanha, não pode permitir de nenhuma das maneiras”

Já Pedro Sánchez, do partido socialista, vinculou que apesar dos esforços dos outros partidos para o derrotar, continua a ser a única alternativa. “Frente àqueles que montaram um tridente anti-PSOE, para que o Partido Socialista não seja a mudança razoável, segura, sensata de que o nosso país precisa, digo-lhes que o PSOE está de pé, preparado para governar, e vamos fazê-lo a partir do próximo dia 20 de Dezembro.

Albert Rivera, do Ciudadanos, insistiu que representa a mudança sensata e surpreendeu ao admitir que pode apoiar o partido com mais votos.

“No próximo dia 20 de Dezembro não decidimos só umas eleições, não escolhemos só um Governo, decidimos se queremos abrir a chave da nova era política, para que haja uma mudança sensata. Quero pedir-vos que se mobilizem, não só podemos ganhar as eleições, podemos ganhar o futuro de Espanha.”

Por fim, o carismático Pablo Iglesias, do Podemos, dirigiu-se à essência das pessoas e dos povos. “Nós aqui respondemos às pessoas e aos povos deste país – porque não vamos consentir que as pessoas e os povos sejam convertidos numa marca – por uma Espanha que seja as suas pessoas e os seus povos.”

Depois de meses de momentos de grande humor, emoção, críticas e surpresas, a campanha eleitoral chegou ao fim sem nenhum partido ter revelado as suas intenções de coligação.

De agressões a independências

Este sábado os espanhóis vivem uma jornada de reflexão e têm muito para digerir. A campanha eleitoral em Espanha teve um pouco de tudo.

Desde a agressão a Mariano Rajoy por parte de um jovem de 17 anos, que lhe partiu os óculos, às cenas de lágrimas e emoções de Pablo Iglesias, passando pelo descaramento de Albert Rivera de usar o slogan do Podemos “Sí se Puede” no comício do Ciudadanos, e sem esquecer a troca de insultos entre Pedro Sánchez que acusou o primeiro-ministro espanhol de não ser “decente” e de consentir a corrupção dentro do Partido Popular. Mariano Rajoy respondeu ao insulto “ruim, mesquinho e miserável”, garantindo que em todos os seus anos de política, foi sempre correcto.

Um dos principais temas de debate durante a campanha foi a corrupção, a que todos os partidos acorreram para criticar Rajoy, que pouco se defendeu. Dos programas eleitorais, o mais duro contra a fraude política é o do Podemos, que promete, entre outros, proibir que membros do Governo trabalhem em empresas que operem em sectores estratégicos.

Outro grande ponto de discussão foi o desemprego. Mariano Rajoy promete aumentar dois milhões e meio de postos de trabalho por ano até 2017, sem explicar muito bem como. O Ciudadanos, preocupado com os trabalhadores independentes, defende um novo modelo laboral com a implementação de um contracto único de trabalho. Os socialistas, que vêem nos trabalhadores autónomos um eleitorado difícil de conquistar, criticaram a medida, refutando que só vai facilitar os despedimentos e os salários baixos.

Entre muitos outros temas – como a descida dos impostos, as relações com a União Europeia e a regeneração democrática – o da Independência da Catalunha ganhou um especial destaque nestas eleições.

O actual primeiro-ministro é claro: não concorda; Albert Rivera, do Ciudadanos e natural da Catalunha, defende “um projecto comum de Espanha”, ou seja, também não abre portas para a independência; o socialista Pedro Sánchez defende um modelo federal, não conseguindo explicar aos seus concorrentes nos vários debates como o irá fazer e, por último, Pablo Iglesias, que tem Ada Colau, presidente da Câmara Municipal de Barcelona a seu lado, promete um referendo sobre o futuro da Catalunha, o que satisfez muito do eleitorado na região autónoma. As últimas sondagens locais davam vantagem ao partido de esquerda.

A campanha, já histórica por marcar o fim do bipartidarismo em Espanha, termina com uns estonteantes 36% de indecisos que já só têm a jornada de reflexão deste sábado para decidir quem querem para primeiro-ministro, antes das eleições de domingo dia 20.

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