29 mar, 2017 - 18:20
O presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF) receia que a operação "Jogo Duplo", iniciada pela Polícia Judiciária no final da época passada e que esta quarta-feira foi retomado, com detenções em todo o país, seja apenas a ponta do "iceberg" no que diz respeito ao fenómeno do "match fixing".
Joaquim Evangelista confessa profunda apreensão e receio quanto ao que o futuro poderá vir a desvendar relativamente ao envolvimento de atletas em casos similares de corrupção, comparando a viciação de resultados no futebol à "praga" que foi em tempos o "doping".
"Isto é assustador. Aquilo que aí vem é assustador mas tenho confiança. Por aquilo que é a minha experiência no plano internacional e o fenómeno do match fixing. Também o doping teve esta dimensão, era a praga anterior e foi sendo minimizado", começa por analisar, em declarações a Bola Branca.
Cinco futebolistas e um membro da claque Super Dragões, afecta ao FC Porto foram detidos esta quarta-feira no âmbito do caso que investiga viciação de resultados no futebol.
A investigação remonta às temporadas de 2014/15 e 2015/16, contexto em que três jogadores representavam o Oriental, um o Penafiel e outro o Académico de Viseu, equipas que disputavam a Segunda Liga.
Segundo fonte ligada à operação e citada pela Agência Lusa, estas detenções e a constituição de outros oito arguidos estão relacionadas com uma rede asiática de viciação de resultados, nomeadamente com ligações a empresários malaios.
O líder do SJPF deixa um apelo, neste sentido, para que os "sinais" relativos ao "match fixing" não sejam ignorados.
"Há muitas pessoas que continuam a fingir que nada acontece e que desvalorizam os sinais. Essas pessoas são a maioria dos agentes desportivos. Apelo para que haja um dever de cidadania activo. Quem conhece o fenómeno, tem de o denunciar e não ser cúmplices com esta realidade", remata Evangelista.