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Empresa sul-coreana compra Farfetch e evita falência do unicórnio português

18 dez, 2023 - 16:30 • Sandra Afonso

Farfetch vai receber de imediato uma injeção de 500 milhões de dólares, quase 460 milhões de euros, um empréstimo de curto prazo com juros anuais de 12,5%.

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A sul-coreana Coupang anunciou esta segunda-feira, em comunicado, ter fechado acordo para a aquisição da Farfetch. A empresa de venda online de moda de luxo, do português José Neves, que chegou a valer mais de 21 mil milhões de dólares, foi salva da falência.

A Farfetch vai receber de imediato uma injeção de 500 milhões de dólares, quase 460 milhões de euros, um empréstimo de curto prazo com juros anuais de 12,5%. O Banco JP Morgan fica depois encarregue de tratar da venda dos ativos.

Entretanto, a Farfetch também já reagiu. Numa nota publicada no site da empresa, diz que "sem esta liquidez, a Farfetch e as suas subsidiárias seriam incapazes de sobreviver como empresas".

O conselho de administração diz ainda que “está desiludido que o processo não tenha resultado numa solução que assegure que a empresa cotada, a Farfetch Limited, se mantenha tal como está”.

Ainda assim, assegura que esta solução “garante a continuidade das operações nos seus negócios e que continuará a servir a rede e marcas, de boutiques e de consumidores que dependem do marketplace da Farfetch todos os dias".

Acionistas perdem tudo

Outra consequência imediata do acordo com os sul-coreanos é a retirada da Farfetch da Bolsa de Nova Iorque. Os investidores não irão recuperar o dinheiro.

"Após a consumação da venda, a Farfetch Limited espera que os titulares das suas ações ordinárias Classe A e B e das suas notas convertíveis não recuperem nenhum dos seus investimentos pendentes na Farfetch. Espera-se também que a Farfetch Limited seja retirada da NYSE e liquidada"

Um aviso foi deixado pela Farfetch, no comunicado ao mercado, onde explica que, “após a conclusão da venda, a Farfetch Limited espera que os detentores das ações ordinárias de classe A e B e as notas convertíveis não recuperem nenhum do extraordinário investimento na Farfetch. A empresa será retirada da bolsa de Nova Iorque e liquidada".

Ou seja, nem os acionistas nem os credores deverão recuperar o investimento feito.

Segundo a nota publicada pelo grupo sul-coreano Coupang, e confirmada pela Farfetch, a empresa vai receber uma injeção de quase 460 milhões de euros. Em declarações à Renascença, o analista da XTB, Vítor Madeira, considera que esta verba deverá ser essencial para garantir a manutenção da empresa portuguesa.

O primeiro "unicórnio" português chegou a valer mais de 21 mil milhões de dólares. Há menos de três anos, a Farfetch atingia o topo, com cada ação a valer 73 dólares e 80 cêntimos. O mundo estava a meio da pandemia, anos dourados para a empresa, com a população retida em casa e muito dependente do comércio online.

No entanto, tão alto como o voo, foi a queda. Até esta manhã, em que voltou a ser suspensa na Bolsa de Nova Iorque, a Farfetch caiu mais de 99%, com cada título a valer agora 64 cêntimos, refere Vítor Madeira.

O problema da empresa, explica ainda o analista, é que deixou de crescer, o que retirou confiança aos investidores. O derradeiro sinal de alarme foi o adiamento da apresentação dos resultados do terceiro trimestre, que até hoje continuam por publicar, sublinha Vítor Madeira.

[notícia atualizada às 18h15]

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  • Arismar
    19 dez, 2023 São Paulo BR 05:22
    Como vamos nós acionistas receber nossas ações! Simplesmente acabou ?

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