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BCE anuncia subida das taxas de juro em 75 pontos base

08 set, 2022 - 13:30 • Sandra Afonso

É o segundo aumento consecutivo deste ano e o maior aumento de sempre nas taxas na história da zona euro.

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O BCE subiu juros em 75 pontos base, uma subida histórica. Este é o segundo aumento consecutivo das taxas de juro de referência, decidido hoje pelo Conselho do Banco Central Europeu, para travar a inflação. Em julho tinham subido 50 pontos base.

Apesar deste aumento, a inflação na zona euro continua a subir. Em agosto chegou a 9,1%, depois de ter estado em 8,9% no mês anterior.

Em comunicado, o BCE antecipa já que os juros vão continuar a subir: “o Conselho do BCE espera, nas próximas reuniões, voltar a aumentar as taxas de juro para atenuar a procura e prevenir o risco de uma persistente deslocação em sentido ascendente das expectativas de inflação”, tendo em conta o regresso da inflação ao objectivo dos 2%.

Segundo a autoridade monetária, “a inflação permanece demasiado elevada, sendo provável que se mantenha acima do objetivo durante um período prolongado”.

Após a reunião, Cristine Lagarde, a presidente do BCE, voltou a sublinhar que tudo indica que os juros vão continuar a aumentar. "Subimos hoje as três taxas de juro de referência do BCE em 75 pontos base e esperamos subir novamente as taxas de juro, porque a inflação permanece demasiado elevada e deverá manter-se acima do nosso objetivo por um período alargado".

"A nossa política futura sobre os juros continuará dependente dos dados e as decisões serão tomadas reunião a reunião. Estamos preparados para ajustar todos os nossos instrumentos, no âmbito do nosso mandato, para assegurar que a inflação regressa ao nosso objetivo de médio prazo”.

A presidente do Banco Central Europeu diz que não há uma taxa limite para a subida dos juros, apenas um objetivo: baixar a inflação para os 2%. Para lá chegar serão analisados os dados nas reuniões mensais do BCE.

Christine Lagarde admite que podem ser necessárias até cinco reuniões para chegar ao objetivo.

“Vamos continuar a aumentar as taxas, reunião a reunião, com base nos dados, porque acreditamos que estamos longe das taxas em que esperamos ver a inflação regressar ao objetivo de médio prazo de 2%. Este é o nosso objetivo e tomaremos os passos necessários para chegar lá. Achamos que serão necessárias várias reuniões, provavelmente mais do que duas, incluindo esta, mas menos do que cinco.”

Inflação revista em alta e estagnação

Desta reunião, saem novos números para a subida dos preços, que foram revistos novamente em alta. “Os especialistas do BCE reviram significativamente em alta as suas projeções para a inflação, esperando‑se agora que esta seja, em média, de 8,1% em 2022, 5,5% em 2023 e 2,3% em 2024”.

Além disso, o crescimento das economias do euro está comprometido. “Após uma retoma no primeiro semestre de 2022, dados recentes apontam para um abrandamento substancial do crescimento económico da área do euro, esperando‑se uma estagnação da economia na parte final do ano e no primeiro trimestre de 2023”, refere o comunicado.

Em causa estão os preços elevados dos produtos energéticos, que reduzem o poder de compra das famílias e restringem a actividade económica. A guerra na Ucrânia continua também a afetar o crescimento.

“Os especialistas esperam agora que a economia registe uma taxa de crescimento de 3,1% em 2022, 0,9% em 2023 e 1,9% em 2024.”

BCE mantém ajuda

Embora numa dimensão diferente, o Banco Central promete manter o apoio às economias do euro. “O Conselho do BCE continuará a aplicar flexibilidade no reinvestimento dos reembolsos previstos no âmbito da carteira do programa de compra de ativos devido a emergência pandémica (pandemic emergency purchase programme ‒ PEPP), a fim de contrariar os riscos para o mecanismo de transmissão relacionados com a pandemia”.

Isto será feito até, pelo menos, 2024. “A futura descontinuação gradual da carteira do PEPP será gerida de modo a evitar interferências com a orientação de política monetária apropriada”, acrescenta.

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