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Inflação e justiça social

05 set, 2022 - 06:51

O BCE vais subir os juros, arriscando uma recessão. O Governo prometeu mitigar os custos da inflação para as famílias de menores rendimentos, que são as mais afetadas pelo brutal encarecimento dos bens essenciais.

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A semana que hoje começa irá trazer medidas importantes em matéria de inflação. Hoje mesmo o Governo deve aprovar apoios às famílias mais afetadas pela inflação. E na próxima quinta-feira o BCE subirá os seus juros diretores.

Prevê-se que o BCE suba 0,75% os seus juros. Uma subida maior do que há uns meses se esperava. Uma política monetária restritiva é hoje a principal arma para combater a inflação. Esperemos que o BCE não exagere, depois de se ter mantido sem agir durante demasiado tempo.

Seria bom, mas é improvável, que os juros relativamente altos não conduzissem a uma recessão. Só que deixar a inflação progredir acabaria por ser mais danoso para a economia europeia do que uma recessão curta e pouco profunda.

As medidas que o Governo irá hoje tomar não são de combate à inflação, mas de mitigação da forte alta do custo de vida, sobretudo para as famílias de menores rendimentos. Medidas desse tipo são urgentes, até porque a inflação é socialmente injusta – a subida dos preços da alimentação prejudica muito mais os pobres e remediados do que os ricos.

Por outro lado, convirá ter presente que Governo deverá devolver aos contribuintes uma parte do excesso de receitas fiscais pelo mero efeito automático da inflação. Tal devolução não poderá repetir-se nos anos seguintes, mas agora é um imperativo de justiça.

Por vezes, as medidas de mitigação dos custos que a alta de preços acarreta poderão até agravar a inflação. Daí o alerta do governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, apelando a que o Governo não tome medidas pró-cíclicas, como seria a indexação de salários à inflação – um ciclo vicioso que eternizaria a inflação.

Inflação e justiça social

O BCE vais subir os juros, arriscando uma recessão. O Governo prometeu mitigar os custos da inflação para as famílias de menores rendimentos, que são as mais afetadas pelo brutal encarecimento dos bens essenciais.

A semana que hoje começa irá trazer medidas importantes em matéria de inflação. Hoje mesmo o Governo deve aprovar apoios às famílias mais afetadas pela inflação. E na próxima quinta-feira o BCE subirá os seus juros diretores.

Prevê-se que o BCE suba 0,75% os seus juros. Uma subida maior do que há uns meses se esperava. Uma política monetária restritiva é hoje a principal arma para combater a inflação. Esperemos que o BCE não exagere, depois de se ter mantido sem agir durante demasiado tempo.

Seria bom, mas é improvável, que os juros relativamente altos não conduzissem a uma recessão. Só que deixar a inflação progredir acabaria por ser mais danoso para a economia europeia do que uma recessão curta e pouco profunda.

As medidas que o Governo irá hoje tomar não são de combate à inflação, mas de mitigação da forte alta do custo de vida, sobretudo para as famílias de menores rendimentos. Medidas desse tipo são urgentes, até porque a inflação é socialmente injusta – a subida dos preços da alimentação prejudica muito mais os pobres e remediados do que os ricos.

Por outro lado, convirá ter presente que Governo deverá devolver aos contribuintes uma parte do excesso de receitas fiscais pelo mero efeito automático da inflação. Tal devolução não poderá repetir-se nos anos seguintes, mas agora é um imperativo de justiça.

Por vezes, as medidas de mitigação dos custos que a alta de preços acarreta poderão até agravar a inflação. Daí o alerta do governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, apelando a que o Governo não tome medidas pró-cíclicas, como seria a indexação de salários à inflação – um ciclo vicioso que eternizaria a inflação.

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  • José Bulcão
    05 set, 2022 Almada 23:27
    Compreendo as razões apontadas para não aumentar os salários. Todavia o problema é que mesmo sem o atual cenário de crise eles não aumentam de forma relevante ou não aumentam de todo e a perda de poder de compra vai-se aprofundando, a lista de pretextos para justificar isso é longa e não é preciso ser criativo, é só escolher. Os únicos que conseguem fugir a este fado são aqueles que desempenham funções estratégicas para a economia como exemplificaram os estivadores de um porto na Europa Central que recentemente apenas com a ameaça de greve conseguiram um aumento de dois dígitos (à esquerda), não fosse essa greve poder entupir o escoamento da produção industrial. Fora isso, todos os restantes trabalhadores, quer dizer colaboradores (já me esquecia do eufemismo) , vão paulatinamente perdendo poder de compra, incluída a classe média. Todos se vão proletarizando porque o pacto social que existiu em tempos na Europa há muito que foi extinto e foi substituído pelo assistencialismo e a caridade. Recordo que esse pacto era mais do que um gesto de boa vontade, era uma estratégia social que servia sobretudo para manter as sociedades estáveis e sem tentações de resvalarem para o comunismo, crentes de que o capitalismo e a social democracia eram as melhores opções. Até quando será possível manter este estado de coisas? Talvez os próximos tempos de aperto colectivo dêem a resposta. Há quem diga que isso poderá acontecer em pelo menos uma das principais economias ocidentais.Vamos ver.

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