23 jun, 2022 - 12:00 • Fátima Casanova
A economia não pode continuar a ser marcada por salários baixos. O desafio é lançado pelo diretor do Observatório das Desigualdades em declarações à Renascença.
Renato Carmo defende uma política salarial assente em aumentos progressivos para combater as desigualdades e desconhece o motivo que levou o primeiro-ministro a defender aumentos de 20% nos próximos quatro anos.
“Ainda está por explicar o que está na base desse número, mas acho que deve ser uma política progressiva, como tem sido feito para o salário mínimo - é estender o aumento progressivo dos salários, ao nível dos salários médios e por aí adiante. No fundo, trata-se de uma política que deve ser vista a médio e longo prazo.”
O professor do ISCTE defende ser preciso combater a precariedade laboral e apostar em aumentos salariais para combater as desigualdades.
Segundo Renato Carmo, essencial é haver um contrato de trabalho. “Muitos dos trabalhadores mais jovens estão em situação laboral precária e deveriam ter contratos mais estáveis, com proteção social e expectativas de progressão, para terem mais facilidade para resistir às crises.”
Na sua opinião, as políticas públicas não estão a ser eficazes no combate ao trabalho precário e traça um retrato pouco animador. “Identificámos situações em que as pessoas estão permanentemente numa instabilidade e saltam de contrato para contrato ou de contrato temporário para contrato temporário, muitas vezes em situação de estágio, e depois podem estar vários meses desempregadas”.
Nestas declarações descreve uma intermitência nos percursos de inserção no mercado de trabalho: “ Muitas destas pessoas acabam por ter de exercer várias atividades para ter um rendimento relativamente razoável, muitas vezes exercendo vários trabalhos precários em simultâneo”.
O professor vai estar na tarde desta quinta-feira, na Culturgest, em Lisboa para falar sobre questões laborais.
O relatório "Estado da Nação: Educação, Emprego e (...)