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Energia

Mira Amaral. "Governo engana a opinião pública quando diz que com energia solar consegue-se substituir o carvão"

14 mar, 2022 - 20:28 • Sandra Afonso

Antigo ministro da Indústria coordena o Observatório para a Indústria, Energia, Ambiente, Inovação da SEDES - Associação para o Desenvolvimento Económico e Social - e defende que Portugal precisa das centrais a carvão do Pego e Sines.

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Luís Mira Amaral, antigo ministro da Indústria acusa o Governo de "enganar a opinião pública quando diz que com a energia solar consegue-se substituir o carvão. Não é verdade à hora de jantar e toda a gente percebe porquê, a essa hora não há sol e as centrais solares não funcionam. O carvão seria essencial para dar uma potência firme do backup a essa hora, além disso com a subida dos preços é necessária uma alternativa ao gás natural.”

Mira Amaral diz, por isso, ser necessário reativar as centrais a carvão de Sines e do Pego. Deixaram de ser atrativas devido à dupla tributação a que estavam sujeitas, sobre o carbono e o CO2 emitido, mas no atual contexto continuam a garantir energia a bom preço, mesmo com esta carga fiscal. “Com o preço estratosférico que o gás natural atingiu, neste momento é competitivo trabalhar com o carvão”, garante o antigo Ministro da Indústria.

Mira Amaral defende ainda que a emissão de duas centrais a carvão é “irrelevante”, no contexto mundial. Por isso, defende que Portugal aprenda com os alemães, que “já perceberam que foi totalmente irrealista a ideia de que as renováveis intermitentes conseguiam substituir o carvão e o nuclear”.

A alternativa ao carvão seria desenvolver o armazenamento de longo prazo da produção renovável, mas isso não responde aos problemas atuais, garante Mira Amaral. “Admito que daqui a uns anos isso possa ser possível, mas neste momento não é possível nem é viável, a tecnologia não está suficientemente desenvolvida, o mais realista é não inventar nada e manter uma parcela de carvão, como os outros países estão a fazer”.

Outra proposta do grupo é o nuclear, não no nosso país, mas onde já existe na Europa. “Os países que têm centrais nucleares, neste momento devem mantê-las. É o que a Alemanha vai fazer, a Alemanha que tem os Verdes no governo”, acrescenta Mira Amaral.

Este Observatório defende ainda o recurso à biomassa, a construção e manutenção de terminais de gás natural liquefeito e o reforço das interligações com França e Espanha.

As propostas

1. Manutenção das centrais a carvão e no caso português reativação das centrais de Sines e do Pego;

2. Manutenção da aposta na energia nuclear;

3. O recurso à biomassa para a produção de eletricidade;

4. Construção de terminais de gás natural liquefeito (GNL);

5. Reforço entre Espanha e França das interligações gasistas e das

interligações elétricas;

6. Modernização e desenvolvimento dos terminais de GNL já existentes;

7. Uma política europeia comum para compra de GNL e Gás natural;

8. Metas comuns a todos os países europeus para o armazenamento de Gás;

9. Aproveitamento da proximidade da Península Ibérica aos EUA e Africa, para o desenvolvimento tecnológico e técnico dos terminais de GNL;

10. Com as interligações em funcionamento na Europa, os mercados grossistas de gás e de eletricidade, devem ter regras comuns em toda a Europa, para que possamos ambicionar ter um preço de energia o mais próximo possível nos diferentes países europeus. O mesmo se aplica no mercado regulado e liberalizado;

11. Novo impulso às políticas que promovam o aumento da eficiência energética, como a substituição do aquecimento a gás por bombas de calor.

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