06 out, 2021 - 13:30 • André Rodrigues
O Governo reconhece “dificuldade em cumprir” as metas para a recolha e valorização de resíduos de equipamentos eletrónicos. De acordo com a secretária de Estado do Ambiente, este cenário justifica-se com o aumento do consumo de produtos como, por exemplo, os telemóveis de última geração.
Inês Santos Costa nota que, “em 10 anos passámos de vender 120 milhões/ano de smartphones no mundo, para 1.500 milhões” e que, por isso, “não admira que o fluxo de REEE [Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos] seja um dos que mais cresce”.
Em outubro de 2020, um estudo da consultora Qdata para a ERP Portugal – Associação gestora de resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos, revelava que um terço da população portuguesa (33,8%) continua a não reciclar os REEE, mas que a maior parte (66,2%) dizem reciclar os seus equipamentos quando avariam e 52,7% entregam-nos numa loja de eletrodomésticos.
Perante estes dados, a secretária de Estado do Ambiente reconhece “desafios e oportunidades” neste circuito. Por um lado, está em causa o tratamento dado aos componentes perigosos e, por outro lado, a valorização de metais preciosos presentes em muitos destes produtos.
“Mas são metas que países como Portugal têm dificuldade em cumprir”, diz Inês Santos Costa.
As entidades gestoras de Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos (REEE) Eletrão, ERP Portugal e E-Cycle juntaram-se à Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e à Direção-Geral das Atividades Económicas (DGAE) numa campanha para mostrar aos portugueses o destino certo para os aparelhos elétricos e eletrónicos que já não funcionam.
A ação “Reciclar no sentido certo” pretende ajudar os cidadãos a perceberem onde colocar os equipamentos elétricos e eletrónicos que já não podem ser reparados e que atingiram o seu fim de vida, e vai alertar para a importância do seu comportamento no processo de reciclagem.
Muitos destes equipamentos são ainda descartados pelo consumidor no lixo comum e vão parar a aterros. Outros ficam a poluir solos e linhas de água e as substâncias nocivas acabam por contaminar a cadeia alimentar.
Com o ritmo de consumo de equipamentos eletrónicos em crescimento, a secretária de Estado do Ambiente estima que, em 2030, o mundo produza 75 milhões de toneladas de REEE, “quase como 7.500 torres Eiffel”.
A imagem serve para alertar consciências: “Não queremos tornar a ação cidadã ecologicamente perfeita, mas explicar onde podemos fazer diferença, pela nossa saúde, da nossa família e do lugar onde vivemos, mesmo com ações imperfeitas”, explica.
Para lá do desafio ambiental, o secretário de Estado do Comércio e Defesa do Consumidor, João Torres, lembra que “a importância de uma eficiente gestão destes resíduos não se esgota em motivos ambientais, sendo muito relevante para a economia, face à possibilidade de manutenção dos materiais no ciclo económico pelo máximo tempo possível e à criação de empresas, rendimento e emprego que as atividades de tratamento e reciclagem potenciam”.
Segundo este responsável, “os consumidores são um agente fundamental na condução da mudança, sendo expectável que esta campanha tenha um efeito muito positivo numa gestão mais eficiente dos REEE.”
Todos os detalhes desta campanha estão disponíveis nas redes sociais e no site www.reciclarnosentidocerto.pt, onde será possível encontrar os principais conceitos associados à gestão de REEE, apelando à participação ativa dos cidadãos, através da entrega dos seus resíduos nos locais apropriados, consolidados e disponíveis nesta plataforma.