04 fev, 2021 - 18:57 • Sandra Afonso
Apesar da pandemia e das dificuldades económicas associadas, os bancos concederam 11,4 mil milhões em crédito à habitação em 2020, revelam os dados divulgados esta quinta-feira pelo Banco de Portugal.
É o valor mais alto dos últimos 12 anos, desde o início da crise do subprime. Em comparação com 2019, representa um aumento de mais de 7%.
Ainda segundo o Banco de Portugal, só em dezembro, foram disponibilizados pela banca 1.203 milhões de euros para a aquisição de habitação, o valor mensal mais alto desde julho de 2008.
Há menos empréstimos para consumir
O crédito ao consumo regista uma variação oposta ao da habitação. Os pedidos de dinheiro para a compra de bens, férias, automóveis e outros desceu, face a 2019, uma quebra de mais de 17%.
Em 2020, os empréstimos para o consumo chegaram aos 4.330 milhões, abaixo dos 5.245 milhões que tinham sido registados um ano antes.
Só os empréstimos às famílias para outros fins chegaram em 2020 a 2.218 milhões de euros. Também aqui se verifica uma quebra, acima de 5%, face ao ano anterior.
Contas feitas, no total os bancos emprestaram no último ano quase 18 mil milhões de euros às famílias. Em comparação com 2019, verificou-se uma quebra de 1,5%.
Crédito às empresas cresce com linhas do Estado
As empresas estão a recorrer mais à banca, mas aqui as garantias do Estado, em resposta à pandemia, têm um papel importante.
Em 2020, os novos empréstimos somaram 33.563 milhões de euros. Em comparação com 2019, registou-se uma subida de 2,3%, a mais elevada desde 2015.
Segundo o banco central, contribuíram para estes números as operações inferiores a 1 milhão de euros, que normalmente são usadas por pequenas e médias empresas, que chegaram quase aos 20 mil milhões de euros (mais 6,4% face a 2019). Foram justamente as PME as destinatárias das linhas de crédito do Estado.
As operações acima de 1 milhão de euros totalizaram 13.588 milhões em 2020. Caíram 3%, face a 2019.