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Crimes contra crianças estão a aumentar. APAV registou mais de 10 mil em dois anos

20 mai, 2024 - 08:47 • Hugo Monteiro , Olímpia Mairos

Mais de cinco mil crianças e jovens receberam ajuda da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima. Entre os comportamentos violentos destacam-se a violência doméstica e os crimes sexuais.

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Estão a aumentar os crimes contra crianças e jovens tendo subido mais de 18% em apenas um ano.

De acordo com o comunicado enviado à Renascença, a APAV registou mais de 10 mil crimes contra menores entre 2022 e 2023. Mais de cinco mil crianças e jovens receberam ajuda da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima.

“Durante este período, a APAV apoiou 5.661 crianças e jovens que foram vítimas de crime , registando um aumento de 18,2% entre os anos de 2022 e 2023”, lê-se no documento.

No relatório divulgado esta segunda-feira, a APAV indica que teve conhecimento de “ um total de 10.271 crimes e outras formas de violência contra crianças e jovens ”.

Entre os comportamentos violentos destacam-se a violência doméstica (6.432 crimes, 62,6%), e os crimes sexuais (3.116, 30,3%).

Em declarações à Renascença, Carla Ferreira da APAV sublinha que “a criminalidade mais reportada continua a ser as situações de violência doméstica de crianças, mas também a situação de crimes sexuais contra crianças e jovens”.

“Três em cada 10 crimes registados contra crianças e jovens, em 2022 e 2023, são crimes de natureza sexual e, portanto, temos aqui uma dimensão muito significativa da criminalidade sexual contra crianças e jovens”, assinala.

O aumento dos pedidos de ajuda de 2022 para 2023 cifra-se mais ou menos na ordem dos 20%.

Segundo Clara Ferreira, este aumento pode ser justificado porque “as pessoas estão mais atentas às situações de violência contra crianças e jovens e estão mais proativas ” e também pelo facto de “as entidades com quem a APAV trabalha todos os dias no terreno, quer sejam as autoridades policiais e judiciárias” sentirem necessidade “deste encaminhamento também para os serviços de apoio, porque é um direito das crianças e jovens beneficiarem de apoio especializado”.

“Não nos podemos esquecer deste duplo contexto associado também aqui à própria perceção das crianças poderem estar a ser vítimas de violência, a reboque do trabalho que tem sido feito de prevenção e de sensibilização. Muitas vezes é o primeiro momento em que elas conhecem que podem estar aqui numa situação de violência”, acrescenta.

A maioria dos menores vítimas de crimes são do sexo feminino (60,7%), de nacionalidade portuguesa (80,1%) e têm entre 11 e 14 anos (31,5%).

A associação assinala que entre 2022 e 2023 realizou 1.887 iniciativas de formação para a prevenção e sensibilização da violência contra os mais jovens, que contaram com mais de 40.000 participantes.

A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima presta apoio gratuito, confidencial e especializado a vítimas de todos os crimes. A Linha de Apoio à Vítima, 116 006, funciona de segunda a sexta-feira, entre as 8h00 e as 23h00.

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