06 jun, 2018 - 17:24
Novas tecnologias, desde drones à inteligência artificial, vão ajudar a detetar os resíduos de plástico que poluem as praias e o mar, transmitindo a sua localização e permitindo detetar a sua origem.
O projeto Plastic Tide (maré de plástico), sediado no Reino Unido e divulgado esta quarta-feira na revista online "Digital Trends", consiste na recolha de imagens com lixo de plástico obtidas através de drones, a partir das quais um computador será "ensinado" a reconhecer este tipo de resíduos, distinguindo os vários tipos de objetos, desde sacos a escovas de dentes, redes de pesca ou palhinhas.
Esta monitorização permitirá perceber a localização dos resíduos, mas também, por exemplo, a sua origem e que empresas fabricaram os produtos tornados lixo, constatação útil para perceber os setores e as políticas com mais impacto no ambiente e na vida dos cidadãos.
"A curto prazo, esta ideia pode ser usada para ajudar a organizar ações de limpeza ao alertar os cidadãos para as zonas com maiores impactos, tanto para a vida humana, como para os ecossistemas marinhos e para as aves", aponta Peter Kohler, o fundador do projeto.
A iniciativa inclui a contribuição de cidadãos voluntários com o envio de imagens de vários pontos do mundo para reunir a maior quantidade possível de informação a inserir no computador.
Trata-se de construir um sistema que possa relatar quase em tempo real a forma como os plásticos se espalham, abrangendo além das zonas costeiras também a superfície do mar, fundo marinho, rios e eventualmente num desenvolvimento futuro, estradas e ferrovias.
"Basicamente, tudo está ligado ao mar", refere Peter Kohler.
A iniciativa já atraiu muitos simpatizantes que estão a enviar as suas fotografias, mas também a juntar-se para recolher lixo nas praias e nas costas.
O lixo marinho é um dos temas em destaque no Dia Mundial dos Oceanos, que se assinala na sexta-feira, depois do Dia Mundial do Ambiente, comemorado na terça-feira, ter tido o tema "sem contaminação por plástico".
O plástico tornou-se um problema ambiental grave já que a sua utilização generalizada aumentou substancialmente e permanece entre 50 a 200 anos na natureza, causando danos, nomeadamente nos oceanos, matando peixes e aves que confundem fragmentos de plástico com alimento.
Organizações ambientalistas internacionais alertam que, se a utilização de plástico descartável continuar ao atual ritmo, até 2050 pode haver mais plástico do que peixes nos oceanos e referem a existência de uma enorme quantidade de lixo no oceano Pacífico, formando uma "ilha" de pedaços muito pequenos distribuídos por uma área equivalente a duas vezes a dimensão da França.