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Ministro: Desemprego não se combate a "esmagar" salários ou com precariedade

29 fev, 2016 - 18:05 • Isabel Pacheco

Esse caminho gera "uma economia insustentável”, diz Manuel Caldeira Cabral.

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Não é “a esmagar salários”, nem a “gerar precariedade” que se combate o desemprego, defende o ministro da Economia, Manuel Caldeia Cabral.

O desemprego, a emigração juvenil, a União Europeia e as consequências da “revolução” tecnológica foram alguns dos pontos abordados num debate dedicado ao trabalho organizado pela Arquidiocese de Braga. Para além de Caldeira Cabral, estiveram presentes o ex-presidente da CGTP Carvalho da Silva e o vice-presidente do Conselho Económico e Social Europeu, Gonçalo Lobo Xavier.

“Se para termos competitividade tivermos que esmagar salários e gerar precariedade, a ponto de os nossos jovens não se reverem em ficar neste mercado, vamos para uma economia insustentável”, alertou o ministro. O caminho, disse, não está na “flexibilidade, no sentido de precarizar”, mas sim na “valorização dos trabalhadores”.

Críticas à UE

Caldeira Cabral apontou ainda o dedo à Europa. Se a União Europeia (UE) fosse uma empresa seria uma “em que os sócios se dão muito pior hoje que há uns anos”, criticou.

A falta de um modelo de liderança claro é uma das críticas deixadas por Caldeira Cabral à UE, que, afirmou, falha na hora de apoiar os mais débeis: “Tem que olhar para os outros que não estão a conseguir e ajudá-los a dar a volta, apoiá-los, para que tenham a dignidade que todos merecem. Isso é uma das coisas em que a União Europeia tem falhado.”

O drama do desemprego jovem também não ficou de fora do debate, com o antigo professor a lembrar que “110 mil pessoas a emigrarem por ano, nos últimos dois anos, é um sistema insustentável”. Mas “a solução não é fácil”.

No mesmo sentido, Carvalho da Silva alertou para a necessidade de “políticas que estanquem a emigração”. A aposta numa “política salarial responsável” e a diminuição das horas de trabalho foram algumas das “bandeiras” agitadas pelo sociólogo, que apelou à urgente reposição dos cortes impostos pelas medidas de austeridade.

Os robôs estão aí

Ao debate, o vice-presidente do Conselho Económico e Social Europeu, Gonçalo Lobo Xavier, trouxe ainda um novo desafio que desempregados e trabalhadores enfrentam: a revolução tecnológica e digital, que poderá levar à redução em 50% do trabalho nos próximos dez anos.

Lobo Xavier lembrou que quer Portugal, quer a Europa, precisam de “rapidez” e “energia” para acompanhar as mudanças no mundo do trabalho e evitarem os erros do passado, como a formação desadequada.

“Continuamos a investir em áreas de formação que não têm aderência absolutamente nenhuma com as necessidades do mercado. Isto é impensável. Passados dez anos estamos praticamente na mesma”, lamentou Lobo Xavier.

A valorização das antigas profissões é um dos caminhos apontados para a criação de emprego e a inovação é outro. Até porque o futuro já aqui está: “Vamos ter robôs, cada vez mais, a fazerem os processos que eram feitos por operadores, mas, por outro lado, vamos ter necessidade de dar formação a operadores que sejam conselheiros de robôs. Isto não é brincadeira. Isto já existe.”

Este foi o primeiro de três encontros desta segunda edição da Nova Ágora, organizada pela Arquidiocese de Braga. Na sexta-feira, 4 de Março, será discutida a educação. No dia 11 o tema será a arte. Sempre no Auditório Vita, pelas 21h00

Comentários
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  • antonio
    13 jul, 2016 Porto 16:10
    Caro Carmon, o estado não gera riqueza, apenas usa a riqueza produzida por outros. quanto mais estado, menos riqueza para investir. Menos riqueza, menos empregos. O estado contribui para o desemprego e depois cria leis para remediar. A esquerda aprecia, porque com poucos pobres, não teria apoio.
  • P/Carmon
    01 mar, 2016 Camb--Nojen... 10:03
    Respondendo à tua pergunta: Portugal não tem menos desemprego. Portugal está cheio de miséria, pelos salários precários e pelos contratos temporários. Só mesmo para beneficiar patrões e os enriquecer cada vez mais à custa da miséria de muitos. Nos países onde o despedimento é mais fácil???!!! Só mesmo de um egoísta e sem inteligência que consegue pensar assim: Então portugal tem o mesmo índice de desenvolvimento que os outros países têm??? !!!O mal deste pais é este, e ter gente como tu. Copiam tudo dos outros, querem ser iguais em tudo, mas ficam sempre aos pés dos outros. Então porque é que as pessoas emigram, oh inteligente iluminado??? é porque neste país da treta estas condições de trabalhos precários e salários precários têm sido bons??? Estão muitas das pessoas a viver com dignidade??? Vocês são uns fascistas e deviam de ter vergonha na cara por serem muitas vezes os responsáveis pela miséria deste país e da falta de dignidade que se encontra nele...
  • carmom
    29 fev, 2016 FAMALICÃO 19:32
    Faço uma pergunta a quem me saiba responder.Não são os países onde o despedimento é mais fácil,que tem menos desemprego?Verifico que com leis tão restritas o desemprego não pára de aumentar.

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