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"Quando chego a Veneza sou dominado pelo encantamento da cidade. Por isso, não sou capaz de ter uma opinião muito formal, de ordem racional, sobre esta cidade. Quando transponho Veneza para desenho até a mão me treme.” As palavras são de Álvaro Siza Vieira, arquitecto em destaque na exposição oficial de Portugal na Bienal de Veneza, inaugurada esta quarta-feira.

A exposição mostra projectos de habitação social em Haia (Holanda), em Berlim (Alemanha), no Porto e em Veneza (ilha da Giudeca). A primeira sala é dedicada ao encontro do conceituado portuense com o seu falecido colega italiano Aldo Rossi.

O arquitecto de 82 anos venceu em 1980 um projecto para a reabilitação de um bairro de construção económica dos anos 30 do século passado na ilha de Giudeca, mas a construção foi interrompida já em 2010 por falência do empreiteiro.

A exposição portuguesa pretende agora dar um impulso à retoma da construção, algo que foi pedido insistentemente pelos moradores deste bairro veneziano.

O primeiro-ministro salientou a importância para o diálogo intercultural dos projectos de habitação social de Siza. "A arquitectura é a chave para a integração. Direi mesmo que é a grande arma contra os fechos das fronteiras, através desta possibilidade de recriar bairros, onde comunidades diferentes possam conviver, conhecer-se e criar espaços de diálogo intercultural", sustentou o primeiro-ministro.

Para António Costa, a criação de condições para uma convivência intercultural "é o maior desafio" para a integração social.

"Se vencermos esse desafio, combatemos o medo e acabamos com esta pressão xenófoba e populista para o fecho das fronteiras e recriamos a liberdade. Acho que os projectos de Álvaro Siza Vieira são bons exemplos disso – exemplos que são comprovados pelas histórias que os moradores vão contando.”