“Sair com Cristo ao encontro de todas as periferias” é o tema do Congresso da Pastoral Sócio-Caritativa do Patriarcado de Lisboa, que reúne este sábado, em Torres Vedras, representantes de várias áreas.

Na conferência de fundo, sobre “Caridade e profecia: uma reflexão para o presente”, o cardeal Tolentino de Mendonça sublinhou o valor e atualidade incontornável da Doutrina Social da Igreja, desde Leão XIII até aos dias de hoje.

“Aquilo que está na chave, como motor da Doutrina Social da Igreja, seja no final do séc. XIX, em que houve uma mudança epocal, seja nesta nova mudança de época em que vivemos - porque também nós estamos no olho do furacão - o que está no centro é o legado do cristianismo à humanidade, ou seja, é a conceção da pessoa humana”, disse D. José Tolentino. “Esta conceção nasce com o cristianismo. Nasce, do impacto da pregação de Jesus, da sua mensagem e do aprofundamento que as primeiras gerações de cristãos, de teólogos, de pensadores fazem acerca do significado da pessoa humana.”

O bibliotecário e arquivista da Santa Sé refletiu como a Igreja, com a sua doutrina social, “ganhou um direito de cidadania” e que “cada geração deve renovar permanentemente o percurso deste cristianismo social”. Por isso, a Doutrina Social da Igreja “não é um mero apêndice, mas está no coração da própria Igreja”, sublinhou.

Tolentino recordou como os diferentes pontífices, desde Leão XIII, têm estimulado a Igreja. “Basta pensar que o Papa Francisco já escreveu duas encíclicas sociais” (Laudato Si e Fratelli tutti) e como existe “um grande chamamento à mobilização social não podemos ver a pastoral sócio-caritativa como um departamento apenas, mas como uma corrente, um sopro transversal, uma responsabilidade de todos, um domínio da pastoral que percorre todas a áreas.”

Mas na sua intervenção deixou um alerta: “Sem este compromisso, sem esta resposta, o cristianismo corre o risco de ficar desencarnado e teórico”.

Os trabalhos deste congresso decorrem durante todo o dia e vão reunir testemunhos de quem está “no terreno”, junto de diferentes realidades da pastoral. Será encerrado pelo Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, com uma intervenção sobre “as periferias como lugar privilegiado da presença da Igreja”.