O Governo da Grécia reagiu com fúria à sugestão feita pelo Presidente Recep Tayyip Erdogan, da Turquia, de transformar o Hagia Sophia novamente numa mesquita.

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Atenas diz que a proposta é um insulto a todos os cristãos.

Atualmente um museu, o Hagia Sophia começou por ser uma catedral, construída no século VI. Durante séculos foi a sede da Igreja Ortodoxa Grega e o maior local de culto cristão em todo o mundo.

Tudo mudou quando a cidade de Constantinopla, capital do Império Bizantino, foi invadida e ocupada pelos otomanos, que transformaram o Hagia Sophia numa mesquita.

Por fim, em 1935, durante a era de secularização da Turquia, o líder Ataturk designou o edifício um museu, garantindo assim a sua neutralidade religiosa. A estrutura mantém tanto referências ao Islão, como os minaretes que lhe foram adicionados, como iconografia cristã.

Numa entrevista à televisão turca Erdogan, que tem prosseguido uma política islamita no seu país, disse que seria possível “mudar o nome de museu para mesquita Hagia Sophia”.

Mas o ministério dos Negócios Estrangeiros da Grécia não gostou. “Não se trata apenas de um grande templo da Cristandade – a maior durante vários séculos – é também património mundial”, disse George Katrougalos.

“Qualquer mudança de estatuto é uma ofensa não só aos sentimentos dos cristãos, mas a toda a comunidade internacional e do direito internacional.”

A posição de Erdogan sobre o Hagia Sophia tem sido marcada por contradições. O ano passado, numa quebra de protocolo considerada uma provocação pelos cristãos, o Presidente rezou dentro do edifício, mas no passado dia 16 de março, num discurso, pareceu rejeitar qualquer alteração de estatuto, para vir dizer, passados dez dias, que a mudança talvez fosse possível.