O cardeal patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, espera que o Papa visite Portugal com tempo para “recepção mais calorosa em Lisboa”.

Em declarações aos jornalistas em Fátima, D. Manuel Clemente ressalva que ainda não tem confirmação oficial de que a visita de Francisco arranque a 12 de Maio de 2017, mas tem esperança que assim seja.

“Nós já estávamos muito esperançados nisso, porque o secretário de Estado do Vaticano, o cardeal Pietro Parolin, o primeiro dos auxiliares do Papa, esteve cá a 12 e 13 de Outubro, teve ocasião de ver a vigília, as velas, o ambiente e o clima e nós tínhamos a certeza que ele ia manifestar isso mesmo ao Papa e, portanto, o Papa deve estar cheio de interesse em participar na nossa vigília”, afirma o cardeal patriarca.

D. Manuel Clemente tem “muito gosto” que a visita do Papa também passe por Lisboa, mas sublinha que não tem confirmação do Vaticano.

“É só ao aeroporto e depois ao Palácio de Belém, e do Palácio de Belém para Fátima? Ou é um bocadinho mais cedo para nós termos a oportunidade de fazermos em Lisboa uma recepção mais calorosa? Oxalá. Vontade temos, mas não sabemos nada. Soubemos pelos média que o Papa disse a uma religiosa portuguesa que vinha na véspera [12 de Maio]”, refere o cardeal patriarca de Lisboa.

O Papa Francisco disse, esta segunda-feira, a uma religiosa portuguesa, em Roma, que estará em Fátima no dia 12 de Maio, para a Procissão das Velas. A informação foi avançada pela irmã Júlia Bacelar Gonçalves, da Congregação das Irmãs Adoradoras que participa, em Roma, no encontro mundial da rede de religiosos.

A pastoral das grandes cidades

O livro “A pastoral das grandes cidades” foi apresentado esta terça-feira, em Fátima. Reúne as intervenções efectuadas no I Congresso Internacional, que se realizou em Barcelona e no Vaticano em 2014, sobre o mesmo tema.

O congresso traçou linhas de orientação que a Igreja deve seguir nas grandes cidades, tendo em conta que, actualmente, 52% da população mundial vive nestes grandes meios, o que obriga a uma mudança na pastoral.

Em declarações aos jornalistas no final da apresentação em Fátima, o cardeal patriarca de Lisboa salientou que “hoje em dia nós como seres humanos vivemos maioritariamente em cidades e grandes cidades”, o que nunca tinha acontecido, e “as nossas estruturas pastorais de congregação e de resposta ainda são muito herdeiras do mundo que era predominantemente rural”. Um mundo que já “não é o de hoje”, frisou D. Manuel Clemente. Uma realidade que tende a aumentar “porque é muita gente e em movimento”. Um “mundo diferente e que requer da parte da Igreja meios pastorais também diferentes”.

D. Manuel Clemente dá como exemplo o facto da “nossa rede paroquial no meio urbano já ser muito diversificada e por isso as próprias paróquias se vão especificando na resposta pastoral”.

Além disso, há também “uma paróquia virtual, que é este mundo das redes e da comunicação onde também muita coisa passa”. Por isso, “hoje em dia a forma habitual de convocação já não é apenas o sino da igreja a chamar para a missa. Pode ser uma mensagem, pode ser um sms, pode ser uma notícia posta e é para logo à noite e aparece gente”.

Um trabalho pastoral diferente que começa paulatinamente a ser desenvolvido também em Portugal. Com este livro “A pastoral das grandes cidades” estão traçadas as linhas de orientação que a Igreja deve seguir nos meios urbanos.