Depois de quase se ter conseguido um acordo para a reintegração canónica da Fraternidade Sacerdotal de São Pio X (SSPX, na sigla inglesa) durante o pontificado de Bento XVI, a solução poderá estar agora próxima.

Quer a Santa Sé, quer a SSPX confirmaram que no passado sábado o Papa teve um encontro de 40 minutos com o bispo Bernard Fellay, superior da sociedade tradicionalista. As declarações oficiais dizem que o encontro se desenrolou num ambiente informal e cordial. O Rorate Caeli, um blogue especializado que no passado tem-se mostrado muito bem informado sobre estes assuntos, diz ter informação de que o encontro decorreu de forma “muito positiva”.

Francisco já tinha tido um gesto de boa vontade para com os tradicionalistas ao decretar, unilateralmente, que os fiéis podiam confessar-se legitimamente aos seus sacerdotes, que se encontram em situação canónica irregular, durante o jubileu da misericórdia que está agora a decorrer.

Nem Roma, nem a SSPX avançam com informação concreta, mas já há quem especule que Francisco fez uma proposta concreta de reintegração da sociedade, eventualmente na forma de uma prelatura pessoal, como é o Opus Dei.

A Fraternidade Sacerdotal de São Pio X entrou em ruptura com Roma quando o seu então responsável, o Arcebispo Marcel Lefèbvre, ordenou quatro bispos sem autorização de João Paulo II.

A SSPX contesta muitas das reformas do Concílio Vaticano II, incluindo a reforma litúrgica, a aceitação da liberdade religiosa e o ecumenismo. Ao longo dos anos houve aproximações e afastamentos em relação a Roma. Bento XVI tomou a decisão unilateral de levantar as excomunhões dos quatro bispos consagrados por Lefèbvre e deu mais força ao diálogo e em 2013 consta que o acordo definitivo esteve por um fio, mas gorou-se à última da hora.

A eleição do Papa Francisco foi visto com preocupação pelos tradicionalistas, que o acham demasiado liberal ou ambíguo em várias questões. Este facto tornaria a normalização das relações uma enorme surpresa.

Por outro lado, se a SSPX for reintegrada durante o pontificado de Francisco, a oposição das alas mais liberais da Igreja e de outras religiões, nomeadamente dos judeus, poderá ser muito menor do que teria sido durante o pontificado de Bento XVI.