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Não sente que aumentou a animosidade do PS em relação ao BE?

As questões não são de animosidade. São de relações de forças. Política é isso.

O PS tem admitido que se não tiver maioria absoluta não precisa de novos acordos. Rio já mostrou abertura para alguns entendimentos com o PS. O PR já disse que não exigirá acordos escritos como fez Cavaco. Ou seja, haverá uma geometria variável. O BE está disponível para isso nesses termos?

Agora estamos a negociar este OE. Não temos pressa porque há ainda muito por fazer. Queremos mesmo estar a discutir se há ou não papéis assinados numa próxima legislatura? O caminho vai só a meio.

Foi o próprio Francisco Louçã que há duas semanas na TSF defendeu que o BE devia exigir um acordo escrito e que tornaria as coisas mais claras.

Não é novidade para ninguém que nós, no BE, gostamos de ter as coisas escritas e claras. É óbvio. Fizemos isso em 2015 e no acordo para Lisboa. O compromisso político não é só um problema de oportunidade, de conveniência momentânea. Tem que ter como base compromissos mais vastos, compromissos com o país como o de recuperar as pensões ou baixar o número de alunos por turma ou ter mais manuais gratuitos. Estava escrito e é forte por isso. A clareza é a grande força desta legislatura.

O PCP já disse que dispensa acordos escritos na próxima legislatura. Têm assim entendimentos diferentes.

Fazer agora este debate é um bocadinho abstrato. Os partidos têm que apresentar os seus programas e as pessoas têm que votar no programa em que se reconhecem. A ideia do voto útil ficou bastante destruída com as últimas eleições. Hoje não há dois partidos ou dois e uma muleta a decidir quem é que pode ter soluções do Governo. Todos os partidos têm a responsabilidade de apresentar soluções de Governo. Quando pusemos no papel as nossas propostas, as pessoas passaram a poder confiar. Isso é legitimar a democracia. A democracia é boa quando é clara.

Por que é que não fez questão que os professores fossem uma matéria orçamental? Não facilitaram um bocadinho a tarefa ao Governo?

O Governo é que fez um bypass ao Orçamento. Vamos ver como vai lidar com isso. Aprovámos um orçamento no ano passado que dizia que o tempo de serviço tinha que ser contado para todos os funcionários públicos. O descongelamento é que podia ser faseado. O Governo apresentou um Decreto Lei sobre professores em que só conta uma parte, não faz o que está no OE. Do nosso ponto de vista, estão a contrariar o que ficou aprovado. O Governo está a tomar uma decisão que não pode fazer. O PR ainda não promulgou e por isso aguardamos a sua decisão. Se promulgar, faremos uma apreciação parlamentar para o alterar.

Como é que o BE explica ao seu eleitorado que, apesar de o Governo não cumprir o que ficou acordado no OE do ano passado, vai viabilizar este OE? Ou seja, que o Governo enganou os professores.

Está a perguntar-me se nós devíamos fazer uma moção de censura ao Governo? Achamos que é melhor fazer uma apreciação parlamentar. Já o fizemos no passado com a TSU patronal e conseguimos fazer essa medida andar para trás.

O caso Robles não veio beliscar a capacidade negocial do BE?

Não creio. Foi um erro, que foi assumido. Houve necessidade de trocar o vereador em Lisboa e isso foi feito. Desde que soubemos da situação até à demissão passaram 72 horas.

António Costa disse ter ficado surpreendido com os pecadilhos de Ricardo Robles. Ficou surpreendida com esta declaração?

Não terá sido o seu momento mais inspirado mas todos temos momentos menos bons.