No dia em que passam nove meses dos incêndios de outubro do ano passado, o secretário-geral do PCP visitou uma aldeia atingida pelo fogo, no concelho de Santa Comba Dão.

Jerónimo de Sousa voltou a criticar as declarações que o ministro Augusto Santos Silva deu à Renascença e ao jornal Público, na última quinta-feira.

O ministro dos Negócios Estrangeiros afirmou que a renovação das alianças à esquerda depois das próximas legislativas obrigará a "um nível de comprometimento superior" do que o actual, nomeadamente ao nível da política externa e europeia.


O secretário-geral do PCP afirma que as declarações de Santos Silva mostram que o compromisso maior do Governo é com as regras europeias, avisando que "assim não dá", pois ficarão por resolver problemas estruturais na sociedade.

"De facto há uma divergência, há uma diferença de fundo. (...) queremos registar a contradição. Assim não dá", afirmou Jerónimo de Sousa.

"Tendo em conta os problemas de fundo, problemas estruturais que temos na sociedade portuguesa, ainda por cima acrescidos deste drama dos incêndios, é preciso serem feitas opções. As opções deveriam passar por responder aos anseios e aos problemas dos trabalhadores e do povo, e não o contrário", afirmou.

O secretário-geral do PCP acusou ainda o Governo de fazer uma opção "limitada" nos apoios às vítimas dos incêndios, ao não apoiar a reconstrução das casas de segunda habitação.

"Em relação a Pedrógão há uma perspetiva de apoio em relação às segundas habitações, aqui fazem uma discriminação. Acho que isto é uma contradição com os anúncios de pompa e circunstância em relação ao combate à desertificação, de políticas de apoio ao interior", afirmou o secretário-geral do Partido Comunista.

Durante a tarde, o secretário-geral do PCP vai visitar zonas atingidas pelos incêndios de outubro, nos concelhos de Tábua e Oliveira do Hospital.