O Bloco de Esquerda (BE) elogia "a convergência à esquerda com o PCP", uma "componente importante dos avanços sociais" do período atual e futuro, mas assume que em 2019 "quer ser força de Governo, com uma nova relação de forças".

Estes são dois dos pontos da moção das principais tendências bloquistas à próxima Convenção, intitulada "Um Bloco mais forte para mudar o país", à qual a agência Lusa teve acesso, e que é subscrita pela coordenadora nacional do BE, Catarina Martins.

"Em 2019, o Bloco quer ser força de Governo, com uma nova relação de forças. Um Governo de esquerda dá uma garantia ao povo: defende o salário, a pensão e o emprego. Não aceita recuos, nem a precarização do trabalho, nem a redução do salário e da pensão", pode ler-se na moção.

O texto - subscrito ainda pelo líder parlamentar, Pedro Filipe Soares, e pela eurodeputada Marisa Matias - é claro quanto às intenções dos bloquistas para as duas eleições do próximo ano: "o Bloco apresenta-se ao ciclo eleitoral de 2019 em torno do seu próprio programa e para disputar a representação da maioria".

Na moção é referido que "a convergência à esquerda com o PCP é uma componente importante dos avanços sociais neste período e no futuro", valorizando o BE "um elevado grau de convergência de posições com o PCP, nomeadamente em questões económicas e laborais, ao nível parlamentar e também no terreno social", desde logo porque partilham "responsabilidades na viabilização da atual solução política".

No entanto, os bloquistas assumem que mantiveram com os comunistas "divergências importantes em matérias como a paridade entre homens e mulheres, a legalização da canábis, a extensão da procriação medicamente assistida ou a despenalização da morte assistida".

"A persistência de acusações sectárias não impedirá o Bloco de se continuar a empenhar no sentido do desenvolvimento das possibilidades de convergência e da recusa do sectarismo entre as esquerdas", avisam.

Sobre o "primeiro embate eleitoral de 2019", as eleições europeias, os bloquistas adiantam que vão concorrer "em listas próprias", juntando "forças à esquerda, numa candidatura internacionalista que recusa a submissão aos tratados".

As eleições regionais da Madeira também não são esquecidas na estratégia, sendo referido que "a criação de alternativa à esquerda depende do reforço do Bloco de Esquerda".

"O PSD de Miguel Albuquerque está enfraquecido e, pela primeira vez, é possível retirar a direita do Governo. O PS decidiu candidatar Paulo Cafôfo, que ganhou a Câmara Municipal do Funchal numa coligação em que o Bloco participa desde a primeira hora", enfatizam.