O primeiro-ministro, António Costa, diz que não faz “regateio social” quando se trata de aumentar o salário mínimo.

No jantar de natal do grupo parlamentar do PS, António Costa defendeu que as empresas têm de oferecer melhor emprego para não perder o comboio da competitividade.

"As empresas só conseguirão ficar a geração jovem mais qualificada que o país tem se oferecerem melhores condições de trabalho. Se os jovens portugueses continuarem a achar que partindo [do país] conseguem melhores oportunidades do que cá, então será muito difícil às empresas fixarem esses recursos humanos. E se não os fixarem não vão conseguir ser competitivas", declarou.

Depois, António Costa deixou um recado directo às confederações patronais: "Quando querem regatear o salário mínimo nacional, nós dizemos que queremos concertação social, mas não fazemos regateio social".

De acordo com o primeiro-ministro, o modelo do Governo "não é o país dos baixos salários, porque esse modelo não tem futuro no século XXI".

Na sua intervenção, o secretário-geral do PS rejeitou também críticas ao facto de os orçamentos deste Governo não contemplarem medidas como a descida do IRC, contrapondo que as empresas "devem perceber o futuro em que vão participar".

"Um orçamento amigo das empresas não é o que baixa o IRC, mas aquele que as apoia a fazer os investimentos que têm de fazer para poderem inovar, modernizar-se e melhorar os seus recursos humanos, sendo mais produtivas e competitivas. Este Orçamento ajuda as empresas a terem mais capitais próprios e a dependerem menos da banca. Temos de ter empresas do século XXI e não empresas que queiram viver à custa de baixos salários", frisou.

A primeira parte da intervenção do primeiro-ministro foi dedicada a salientar a ideia de que "este é um Governo do PS", com as marcas deste partido, embora seja suportado também no parlamento pelo Bloco de Esquerda, pelo PCP e pelo PEV.

"Este Governo reforçou a presença de Portugal no euro, retirou o país do Procedimento por Défice Excessivo e está a retirá-lo também da vergonhosa classificação de lixo" por parte das agências de 'rating', apontou ainda António Costa.

O primeiro-ministro também assumiu que o desafio para 2018 é fazer tudo o que for possível até ao Verão para que não se repitam as tragédias dos incêndios.

A "grande exigência" do combate aos incêndios

No jantar de Natal do grupo parlamentar do PS, António Costa falou dos grandes incêndios de Junho e Outubro como "duas catástrofes naturais" para as quais é preciso ter resposta a vários tempos.

Para além das medidas urgentes, considera que é preciso persistência para levar até ao fim as reformas necessárias para ultrapassar os problemas estruturais da floresta e do interior.

Mas a primeira das exigências de 2018 é dotar o país de um sistema eficaz de Protecção Civil, defendeu.

"2018 vai ser para nós todos um ano de grande exigência para concretizar aquilo que não podemos deixar de concretizar, para chegarmos ao Verão com um sistema de segurança, prevenção e combate aos incêndios mais eficaz do que temos hoje, de fazermos avançar mesmo a reforma da floresta, de investirmos efectivamente na revitalização do interior."

António Costa disse aos deputados socialistas que também é preciso dar "continuidade às boas políticas que nos têm permitido obter bons resultados".

"Podemos e devemos estar satisfeitos com a redução da taxa de desemprego, mas temos de estar insatisfeitos por ainda haver 400 mil portugueses desempregados", frisou o primeiro-ministro.